Breve panorama da bioeletricidade ofertada para a rede em 2019
Por Zilmar José de Souza
De janeiro a setembro deste ano, a fonte biomassa produziu 20.009 GWh para o Sistema Interligado Nacional (SIN), volume 1,6% inferior ao mesmo período em 2018, aponta levantamento feito pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) com base em dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Esse volume ofertado para a rede é equivalente a 5,6% do consumo nacional de energia elétrica no país ou 19% do consumo residencial, no mesmo período de referência.
Do total gerado entre janeiro e setembro de 2019, o Estado de São Paulo continua de longe respondendo pela maior parte da produção. São Paulo gerou 9.057 GWh em bioeletricidade para o SIN, ou seja, 45,3% dos 20.009 GWh, mas com uma redução de 1% no volume gerado em relação ao mesmo período de 2018. Mato Grosso do Sul ficou na segunda posição, com 3.485 GWh (17,4% do total), um acréscimo de 4% em relação ao mesmo período de 2018.
Já a terceira posição ficou com Minas Gerais, produzindo 2.487 GWh de bioeletricidade para a rede (12,4% do total), queda de 1% em volume comparado a jan.-set./2018. O Estado de Minas é seguido de perto por Goiás, que gerou 2.033 GWh de bioeletricidade para a rede, entre janeiro e setembro deste ano (10,2% do total), com queda de 3% no volume em relação ao mesmo período em 2018. Paraná fecha a lista dos cinco maiores produtores de bioeletricidade para o SIN, com 1.276 GWh (6,4% do total) no período, com crescimento de 4% no volume em relação à jan.-set./2018.
A produção somada de bioeletricidade para a rede, desses cinco Estados, entre janeiro e setembro de 2019, é de 18,3 mil GWh, quase 92% da produção total de bioeletricidade para o SIN. Isto acontece por conta destes Estados também ser os principais produtores de cana-de-açúcar, da qual advém a biomassa (bagaço e palha) para geração de energia elétrica no setor sucroenergético. Na safra passada, os Estados de SP, MS, MG, GO e PR responderam por 89% da moagem de cana no país.
Desta forma, da geração total de bioeletricidade para a rede, de janeiro a setembro deste ano, o setor sucroenergético respondeu por 82,9% do total, tendo produzido 16.583 GWh para a rede, com uma queda de 0,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O segundo combustível mais importante para a bioeletricidade, no período em tela, foi o licor negro, subproduto de processo de tratamento químico na indústria de papel e celulose. A geração para a rede, a partir do licor negro, foi de 1.564 GWh, representando 7,8% do total da bioeletricidade para o SIN, entre janeiro e setembro deste ano, mas com uma queda bastante representativa de 35% no volume total (em comparação com igual período em 2018).
Resíduos florestais ficaram na terceira posição, sendo responsáveis por 852 GWh (4,3% do total de bioeletricidade ofertada para o SIN entre janeiro e setembro de 2019). O biogás produzido para a geração de energia elétrica, a partir de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), ocupou a quarta posição, com a oferta de 643 GWh, representando 3,2% do total ofertado pela bioeletricidade entre janeiro e setembro deste ano. Os demais combustíveis responderam por menos de 2% da bioeletricidade ofertada no período supracitado.
Em termos de comercialização da bioeletricidade, o ambiente livre (ACL) ainda permanece o principal destino da venda dos excedentes de geração. Entre janeiro e setembro deste ano, enquanto 7.877 GWh foram destinados ao ambiente regulado (ACR), representando 39,4% do total da oferta no período, o ambiente livre recebeu 12.132 GWh produzidos a partir da bioeletricidade (60,6% do total).
A partir de dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), calcula-se que aproveitemos apenas 15% do potencial da bioeletricidade para o SIN. Ou seja, a geração de bioeletricidade da rede pode ser quase sete vezes a que tem ocorrido. Portanto, que a melhora no ambiente de negócios para a bioeletricidade nos próximos anos, estimulando o investimento, possa contribuir para acelerar o desenvolvimento desta fonte de geração tão estratégica, diminuindo o hiato entre a produção efetiva de bioeletricidade e seu potencial técnico de geração para o Sistema Interligado Nacional (Zilmar José de Souza é gerente de Bioeletricidade da Única; Canal Energia, 12/11/19)