28/03/2018

BRF dá férias de um mês em unidade catarinense

BRF dá férias de um mês em unidade catarinense

  A suspensão das exportações da BRF para a União Europeia já prejudica o planejamento de produção da empresa de alimentos. A partir de 7 de maio, cerca de 3,2 mil funcionários do abatedouro de frango de Capinzal (SC) entrarão em férias coletivas, paralisando os abates por um mês. A produção de itens industrializados de Capinzal seguirá funcionando.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Carnes e Derivados da regão (Sindicadezal), Ludovino Soccol, a unidade de Capinzal abate cerca de 475 mil aves por dia, o equivalente a mais de 5% dos abates da empresa. Maior produtora de carne de frango do país, a BRF abate aproximadamente 7 milhões de aves por dia.

Em nota, a BRF informou que a interrupção temporária dos abates em Capinzal decorre da "necessidade de ajustes no planejamento de produção". Após os 30 dias de paralisação, as operações da planta serão retomadas normalmente, ressaltou a empresa.

Por causa da Operação Trapaça, fase da Carne Fraca deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 5 de março, a BRF teve as exportações de três frigoríficos suspensas – Carambeí (PR), Mineiros (GO) e Rio Verde (GO) pelo Ministério da Agricultura.

Além disso, o ministério também suspendeu a exportações da empresa à União Europeia. Ao todo, dez frigoríficos da BRF não podem vender ao bloco. Entre essas dez unidades está a de Capinzal.

Nesse cenário, as ações da BRF seguem sofrendo na bolsa. Ontem, os papéis da companhia tiveram a maior baixa do Ibovespa, recuando 2,8%, para R$ 23,23. Trata-se da menor cotação das ações da BRF desde 8 de julho de 2011, segundo o Valor Data. No acumulado de 2018, a BRF já perdeu quase R$ 11 bilhões em valor de mercado. Ontem, valia R$ 18,9 bilhões na B3.

Embora a BRF seja a mais afetada, sobretudo porque é a principal investigada na Operação Trapaça, a paralisação dos abates em Capinzal reflete condições de mercado adversas que também prejudicam a concorrência.

"É generalizado. Com o milho aumentando e o preço do frango caindo, não dá para trabalhar", lamentou o secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco), José Carlos Godoy. Ele avalia que outras empresas também terão de reduzir a oferta a partir de maio.

"Estamos tendo problemas na exportação e também no mercado interno", disse Godoy, ressaltando que a recuperação da economia não se traduziu em maior consumo de carne de frango. Diante disso, ele já trabalha com a expectativa de redução de 1,5% nos alojamentos de pintinhos em 2018 (Assessoria de Comunicação, 27/3/18)