BRF: Indicado para presidir conselho se recusa a ocupar chapa alternativa
O executivo escolhido pelos fundos de pensão para presidir o conselho da BRF, a maior exportadora de carne de frango do mundo, disse que se recusou a fazer parte de uma chapa alternativa de membros do colegiado da empresa, aprofundando discordância entre os principais acionistas da companhia.
Augusto Cruz, que foi indicado pelos fundos de pensão Previ e Petros para ser presidente do conselho da BRF, disse que ficou surpreso ao saber que seu nome havia sido incluído em uma lista alternativa divulgada pela BRF na sexta-feira passada.
“Não fui contatado sobre participar da lista alternativa de nomes para o conselho”, disse Cruz à Reuters em entrevista por telefone nesta quarta-feira. “Eu não faço parte e não concordo em fazer parte de nenhuma outra composição do conselho”, disse ele.
Cruz disse estar totalmente comprometido com o plano liderado por Petros e Previ para recuperar a BRF depois que a companhia teve prejuízo de 1,1 bilhão de reais no ano passado, seu pior resultado anual. Os fundos detêm 22 por cento da BRF em conjunto.
O executivo também disse que ele informou nesta quarta-feira a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o departamento de relações com investidores da BRF sobre sua decisão de não se juntar à lista alternativa de candidatos ao conselho de administração.
A BRF se recusou a comentar o assunto. A CVM confirmou ter recebido uma comunicação formal sobre o assunto, mas não deu detalhes.
Uma assembleia extraordinária da BRF está marcada para 26 de abril para eleger uma nova diretoria. Uma mudança na composição do conselho provavelmente vai disparar alterações na diretoria e ser marcada pela saída do atual presidente do colegiado, o empresário Abilio Diniz, que assumiu o posto há cinco anos e detém quase 4 por cento da empresa.
Diniz estava por trás da proposta da lista alternativa de membros para o conselho de administração da BRF, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.
Representantes de Diniz não comentaram imediatamente sobre sua relação com a formação do conselho alternativo.
As ações da BRF acumulam queda de quase 39 por cento neste ano. Nesta quarta-feira, os papéis subiram 5,3 por cento, o melhor desempenho em um mês (Reuters, 11/4/18)
Executivos renunciam da chapa montada por Abilio para conselho da BRF
Cinco executivos solicitaram à Comissão de Valores Mobiliários que seus nomes sejam excluídos.
Cinco executivos solicitaram à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que seus nomes sejam excluídos da chapa montada por Abilio Diniz para o conselho de administração da BRF. São eles: Augusto Cruz, Walter Malieni, José Luiz Osório, Roberto Mendes e Vasco Dias.
A chapa foi proposta na semana passada pelo atual colegiado da gigante de alimentos, no qual Abilio e seus aliados detém a maioria dos votos, depois que o empresário e os fundos de pensão Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil) não chegaram a um acordo sobre a nova composição para o conselho.
Abilio e os fundos estão guerra pelo comando da BRF depois que as ações da companhia despencaram por conta dos prejuízos operacionais e das investigações da Operação Carne Fraca.
Depois de dois dias de discussões infrutíferas, Abilio utilizou o comando que possui do conselho para aprovar a chapa alternativa e usou como estratégia incluir alguns nomes que já haviam sido sugeridos pelos fundos.
Os cinco executivos fazem parte da primeira chapa proposta pelos fundos e que será votada pelos acionistas na assembleia marcada para o próximo dia 26.
"Tomei essa decisão porque não fui consultado e porque já estou engajado com a chapa proposta pelos fundos. O grupo reunido reuniu condições de fazer o trabalho que a empresa precisa", disse Augusto Cruz, presidente do conselho da BR Distribuidora.
O executivo foi convidado por Petros e Previ para suceder Abilio no comando do conselho. Ele já presidiu o Pão de Açúcar, empresa vendida pela família Diniz ao grupo francês Casino, e é um desafeto do empresário. Na chapa de Abilio, seu nome seria mantido, mas a presidência do colegiado ficaria com Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento e herdeiro da Sadia.
Com as desistências, tornam-se reduzidas as chances de que os acionistas da BRF tenham que escolher entre duas chapas concorrentes, pois o tempo é exíguo para que Abilio encontrar nomes alternativos. O empresário pode ainda pedir voto múltiplo, o que significa que cada conselheiro seria aprovado pela assembleia separadamente. Procurado, Abilio não se manifestou (Folha de S.Paulo, 12/4/18)