Café: Análise Conjuntural Agromensal Julho Cepea/Esalq/USP
Julho foi marcado pelo expressivo avanço dos preços do café arábica. No início do mês, as cotações foram impulsionadas pela previsão de frio e de seca nas regiões cafeeiras do Brasil. Apesar da menor umidade ser ideal para a colheita, muitos cafeicultores já estavam preocupados com a safra 2022/23 (bienalidade positiva), devido ao clima seco desde o final de março.
Porém, foi no final de julho que as altas nos preços se intensificaram, após a ocorrência de geadas na maior parte das regiões produtoras. Segundo colaboradores do Cepea, as baixas temperaturas registradas no dia 20 de julho atingiram cerca de 5 a 30% das lavouras de São Paulo, do Cerrado Mineiro e, principalmente, do Sul de Minas e do Noroeste do Paraná. No dia 27, uma nova geada foi verificada, mas atingiu sobretudo cafezais de regiões de baixada e algumas lavouras que já haviam sido afetadas pelas baixas temperaturas na semana anterior.
Entretanto, é consenso entre agentes que as geadas de julho prejudicaram o potencial produtivo da safra 2022/23. A dimensão exata desses danos, contudo, deve ser averiguada apenas nos próximos meses, à medida que esta nova temporada se desenvolva. As preocupações quanto à oferta brasileira de café, por sua vez, impulsionaram fortemente os futuros da variedade nas duas últimas semanas de julho.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os ganhos ultrapassaram os 1.000 pontos em alguns dias, sendo que o contrato Setembro/21 chegou a fechar acima dos 200 centavos de dólar por libra-peso entre 26 e 28 de julho, maior patamar desde 2014. Apesar da queda no encerramento do mês, o contrato Setembro/21 ainda se valorizou 12,7% entre 30 de junho e 30 de julho.
No mercado interno, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, operou acima dos R$ 1.000/saca de 60 kg de 22 a 30 de julho, atingindo, no dia 26, o maior preço diário real desde janeiro de 2012, ao fechar a R$ 1.067,27/sc (valores deflacionados pelo IGP-DI de junho/21). Entre 30 de junho e 30 de julho, a elevação foi de significativos 170,23 Reais por saca (ou de 20,1%).
Apesar da valorização do café, os negócios estiveram lentos ao longo de julho no mercado brasileiro. A forte oscilação dos preços e, especialmente, as incertezas quanto à oferta em 2022/23 mantiveram grande parte dos produtores distante do mercado. Vale apontar que a oferta de grãos nesta temporada (2021/22) é limitada, por conta da menor produção e do alto percentual de contratos fechados no mercado a termo.
Neste sentido, colaboradores também demostram certa preocupação com as entregas programadas para agosto e setembro, uma vez que grande parte deste café foi fechado a valores abaixo dos praticados no spot nacional. Já no campo, a colheita da temporada 2021/22 de arábica caminha para o fim. Até o encerramento de julho, os trabalhos somavam de 61 a 74% da produção nacional esperada. As regiões mais avançadas nos trabalhos são as da Matas de Minas (Zona da Mata) e a do Noroeste do Paraná (Assessoria de Comunicação, 5/8/21)