08/07/2022

Café: Análise Conjuntural Agromensal Junho/22 do CEPEA/ESALQ/USP

Café: Análise Conjuntural Agromensal Junho/22 do CEPEA/ESALQ/USP

Lavoura de café  - Leo Drumond NITRO Sebrae Divulgação.jpg

A temporada brasileira de café 2021/22 foi oficialmente encerrada no dia 30 de junho, com preços do arábica muito acima dos observados na safra passada (2020/21). Na temporada (de julho/21 a junho/22), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 teve média de R$ 1.325,65/saca de 60 kg, aumento expressivo de 522,90 Reais/sc (ou de 65,14%) frente à da safra anterior, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de maio/22).

 

Trata-se, também, da maior média desde a safra de 1997/98. Logo nos primeiros meses da temporada 2021/22, os preços avançaram com força, impulsionados pela ocorrência de geadas em maior intensidade em cafezais nas regiões de Mogiana (SP), Cerrado e Sul Mineiro.

 

Vale destacar que os valores do arábica já estavam em movimento de alta naquele momento, devido à menor produção de 2021/22, que, além de ter sido de bienalidade negativa, foi prejudicada pela seca em 2021. Assim, após as geadas em meados de 2021, novas preocupações relacionadas à oferta em 2022/23 seguiram no radar dos agentes, mesmo em ano de bienalidade positiva.

 

De acordo com dados da Conab (maio/22), a produção em 2022/23 deve somar 53,4 milhões de sacas, volume 12% acima do de 2021/22, mas ainda o menor desempenho de uma safra de bienalidade positiva desde 2016/17. Já a USDA (jun/22) aponta colheita brasileira de 64,3 milhões de sacas. Até a última semana de junho, cerca de 25 a 35% da safra de arábica havia sido colhida.

 

Colaboradores continuam relatando que a falta de mão de obra tem limitando o avanço nos trabalhos de campo. Os entraves logísticos também reforçaram as altas nos valores do grão. Segundo agentes, os fretes estão caros e as faltas de espaço e de contêineres nos navios vêm resultando em atraso dos embarques e até mesmo em cancelamentos ao redor do globo.

 

Esse cenário, por sua vez, levou ao rápido consumo dos estoques certificados em parte dos países importadores/demandantes. Neste caso, vale lembrar que, em fevereiro/22, os estoques certificados da Bolsa de Nova York (ICE Futures) registraram os volumes mais baixos desde 2000. Naquele mês, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 registrou a maior média mensal da safra, a R$ 1.485,35/sc. No dia 9 de fevereiro, o Indicador atingiu recorde nominal da série histórica do Cepea (iniciada em 1996), ao fechar a R$ 1.555,19/sc.

 

Em termos reais, os preços em fevereiro foram os maiores desde dezembro de 1999 (deflacionados pelo IGPDI de maio/22). Quanto aos negócios, com a forte alta das cotações e as incertezas quanto à produção em 2022/23, a maior parte dos produtores seguiu mais cautelosa durante a temporada, vendendo pequenos lotes no spot ao longo dos últimos meses.

 

Já no mercado a termo, cafeicultores fecharam poucos negócios para 2022/23 (abaixo do visto nas últimas safras), o que se deve a receios quanto ao volume produzido e ao valor de negociação inferior ao verificado do spot nacional (Assessoria de Comunicação, 6/7/22)