08/04/2022

Café: Análise Conjuntural Agromensal Março/22 Cepea/Esalq/USP

Café: Análise Conjuntural Agromensal Março/22 Cepea/Esalq/USP

LAVOURA DE CAFÉ Foto Roberto Biasotto.jpg

As cotações domésticas do café arábica recuaram ao longo de março, voltando a fechar na casa dos R$ 1.200/saca. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, encerrou o mês a R$ 1.243,64/sc, sendo 190,79 Reais/sc abaixo do registrado do final de fevereiro. A baixa dos preços nacionais da variedade foi reflexo da desvalorização dos valores externos e do dólar. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o contrato Maio/22 fechou a 226,40 centavos de dólar por librapeso no dia 31 de março, queda de 2,8% em relação ao dia 28 de fevereiro.

 No cenário externo, a pressão esteve associada à guerra entre a Rússia e a Ucrânia – que levaram investidores a trocaram suas posições no café por commodities mais rentáveis – e a dúvidas sobre o consumo da bebida. O dólar, por sua vez, fechou a R$ 4,761 no dia 31, desvalorização de 7,4% frente ao dia 25 de fevereiro. Diante deste cenário, a maior parte dos vendedores brasileiros se manteve afastada do mercado em março, negociando apenas pequenos lotes. Colaboradores do Cepea acreditam que produtores podem seguir retraídos até o começo da colheita da safra 2022/23 do arábica, em maio (para levantar caixa para as atividades de campo), ou até novas altas das cotações.

 SÉRIE ESTATÍSTICA

Médias nominais do Arábica x Robusta R$/sc de 60 kg GRÁFICO Evolução do Indicador do CAFÉ ROBUSTA CEPEA/ESALQ * Diferencial de preços, em R$/saca, entre o arábica tipo 6 (duro para melhor) e o robusta tipo 6 no Espírito Santo (todos os valores são à vista). Fonte: Cepea-Esalq /USP. Fonte: Cepea-Esalq/USP. Tipo 6, peneira 13 acima, com 86 defeitos, à vista, valor descontado o prazo de pagamento pela taxa da CDI, a retirar na origem (ES) - valores nominais. R$/sc de 60 kg As cotações domésticas do café robusta iniciaram março em forte baixa. Porém, ao longo das últimas semanas do mês, os valores passaram a se recuperar, mesmo diante da aproximação da colheita da safra de 2022/23 no Brasil.

 No Espírito Santo, produtores devem começar as primeiras catações entre o final de abril e início de maio – caso o clima colabore –, com a intensificação das atividades em meados de maio. Já em Rondônia, a colheita da safra 2022/23 do robusta começou de forma gradual na última semana de março, mas as atividades devem ser intensificadas em meados de abril. No dia 31 de março, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 805,29/saca de 60 kg, praticamente estável (+0,6%) frente ao do encerramento de fevereiro. Para o tipo 7/8, a média foi de R$ 787,91/sc, queda de apenas 0,4% no mesmo período – ambos a retirar no Espírito Santo.

 A média de março do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 foi de R$ 766,58/sc, expressiva elevação de 293,63 Reais/sc (ou de 62,1%) em relação à de março do ano passado, em termos reais. A média do tipo 7/8 foi de R$ 752,96/sc, forte aumento de 280,01 Reais/sc (ou de 59,2%) em um ano. No começo de março, o robusta acompanhou o arábica e as quedas estiveram atreladas a recuos externos, em função da perspectiva de menor demanda mundial com a guerra entre Rússia e Ucrânia, à inflação ao redor do globo e à troca de fundos por outras commodities. Já a sustentação no final do mês veio da elevação dos futuros da variedade, da forte retração vendedora no Brasil e da maior presença de compradores no spot nacional.

 Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), o contrato Maio/22 terminou março a 2.165 dólares por tonelada, 3,6% acima do registrado no último dia útil de fevereiro. Os valores externos, por sua vez, foram influenciados pela oferta limitada no Vietnã. Segundo agências internacionais, produtores vietnamitas já venderam a maior parte da safra 2021/22 e, agora, aguardam preços maiores para voltar a negociar. No Brasil, cafeicultores também seguiram afastados do mercado. Ainda que alguns negócios tenham ocorrido ao longo de março, vendedores seguraram sua mercadoria, visando vendê-la apenas conforme a necessidade de “fazer caixa” para a colheita. Do lado da demanda, na última semana de março, as indústrias de torrefação nacional voltaram ao spot, o que reforçou o movimento de alta no período (Assessoria de Comunicação, 6/4/22)