09/09/2020

Café: Análise conjuntural mensal agosto Cepea/Esalq/USP

Café: Análise conjuntural mensal agosto Cepea/Esalq/USP

As cotações do café arábica registraram forte alta em agosto, devido especialmente aos avanços externos e do dólar. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 578,84/saca de 60 kg, avanço de 72,87 Reais por saca (ou 14,4%) em relação à de julho. Frente a agosto/19, o avanço foi de 27,7%, ou 125,48 Reais por saca (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI de julho/20). Vale apontar que, no dia 31, o Indicador foi de R$ 610,57/sc, o maior valor nominal de toda a série histórica do Cepea, iniciada em 1996.

 

Em termos reais, no entanto, o maior valor diário foi registrado em 28 de maio de 1997 quando o Indicador foi de R$ 1.720,65/sc (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de jul/20). A maior média real de um mês foi de R$ 1.443,95/saca também em maio de 1997. No front externo, os futuros do arábica foram influenciados por fatores técnicos e preocupações com o clima (chuva e frio) no Brasil em meados do mês. A média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 119,78 centavos de dólar por libra-peso em agosto, elevação acentuada de 13% frente ao mês anterior. Em relação ao dólar, teve média de R$ 5,459, elevação de 3,4% em relação a julho.

 

Quanto aos negócios, foram fechados no físico especialmente nos dias de preços elevados. O alto percentual já comercializado em meses anteriores e o recebimento significativo de café nos armazéns limitaram novas negociações. Segundo agentes, considerando-se as entregas futuras e o que já foi vendido no mercado físico, estima-se que cerca de 50% da safra brasileira 2020/21 de arábica já tenha sido comercializada.

 

COLHEITA

Os trabalhos foram praticamente finalizados em agosto. Até a última semana do mês, a colheita estava entre 85% e 95% no Sul de Minas, maior região produtora. Em Garça (SP), os trabalhos estavam entre 87% e 95%. No Cerrado Mineiro e na Mogiana (SP), esse percentual era de 80% a 90%. Já na Zona da Mata (MG), cerca de 80% da safra havia sido colhida. No noroeste do Paraná, as atividades foram praticamente finalizadas. Segundo agentes, além da maior produção, a qualidade de bebida, a peneira e o aspecto dos grãos da temporada estão elevados. Segundo dados da Conab divulgados em janeiro deste ano, o País deve colher entre 57,1 e 62 milhões de sacas de 60 kg de cafés arábica e robusta.

 

Para a maior parte dos agentes consultados pelo Cepea, no entanto, esse volume deve ser superior, entre 62 e 67 milhões de sacas, mais próximo do apontado pelo USDA (de 67,9 sacas, em jun/20). Com a colheita em fase final, as principais influências nos preços do café no restante deste semestre devem ser, além do desenvolvimento da safra 2021/22 e do clima nos próximos meses, o posicionamento dos fundos na Bolsa de Nova York (ICE Futures), movimentações cambiais e a reabertura das economias ao redor do mundo (o que deve influenciar o consumo da bebida)