Café: Menor produção em 21/22 pode manter preço firme em 2021
A queda na produção de café na safra 2021/22 frente à atual (2020/21) é dada como certa. Agentes consultados pelo Cepea, contudo, ainda estão incertos quanto ao tamanho desta redução – é preciso esperar um avanço no desenvolvimento das lavouras para realizar uma estimativa melhor. Além de ser ano de bienalidade negativa dos cafezais de arábica (quando normalmente a produção é menor), as lavouras também foram bastante prejudicadas pelo clima quente e seco em boa parte de 2020, em especial durante a abertura das flores no segundo semestre com queda de flores e chumbinhos.
Ainda que as chuvas tenham retornado em maior quantidade em novembro e dezembro nas regiões de arábica (São Paulo, Minas Gerais e Paraná) e de robusta em Rondônia, agentes consultados pelo Cepea acreditam que estas apenas interromperam as perdas. Já no Espírito Santo, o clima tem sido favorável ao robusta desde as floradas, sendo que muitos agentes acreditam em recuperação da produção em 2021/22.
Esse cenário tem resultado em sustentação dos preços do café em patamares próximos dos R$ 600/sc desde os últimos meses de 2020. E um outro fator que deve manter os valores internos elevados até pelo menos o início da colheita da safra 2021/22 é o alto volume de café já comercializado da atual temporada 2020/21.
A produção foi volumosa em 2020/21 – prevista em dezembro/20 em 63 milhões de sacas pela Conab e em 67,9 milhões de sacas pelo USDA –, mas cerca de 70 a 75% do café (considerando-se arábica e robusta) já estava comprometido até dezembro, segundo dados levantados juntos a colaboradores do Cepea. Além disso, muitos produtores aproveitaram as elevações nos valores em 2020 para fixar negócios para 2021, o que restringe ainda mais a disponibilidade de cafés para a safra 2021/22.
Por outro lado, o consumo tem se mostrado mais tímido desde o início da pandemia, podendo limitar os ganhos em 2021. Segundo dados de dezembro do USDA, a pandemia do coronavírus interrompeu o movimento de avanço na demanda de café visto nas últimas temporadas, especialmente devido à queda do consumo fora de casa (fechamento de cafeterias e restaurantes). De acordo com o Departamento Norte-Americano, em 2020/21, o consumo mundial de café deve somar 165,4 milhões de sacas de 60 kg, leve queda de 0,5% frente a 2019/20.
Vale apontar que a queda na demanda foi minimizada pelo aumento do consumo domiciliar, que favoreceu especialmente o café robusta e o arábica de menor qualidade. Alguns agentes apontam que, com a mudança de hábito, também pode haver crescimento na demanda por cafés arábica finos e gourmet dentro dos domicílios no médio prazo, ainda que esse aumento não compense a queda fora dos lares.
Para 2021, ainda é incerto se haverá uma retomada do crescimento do consumo, principalmente fora do lar, porque isso ainda dependerá da eficácia das vacinas, da redução das restrições e da recuperação econômica.
Mesmo com essas incertezas, o dólar em patamar elevado deve manter firme as exportações brasileiras de café em 2021, seguindo o ritmo observado nas duas últimas safras, quando foram embarcadas mais de 40 milhões de sacas (Equipe: Dra. Margarete Boteon, Laleska Moda, Caroline Ribeiro, Fernanda Geraldini e Renato Garcia Ribeiro; Assessoria de Comunicação, 15/1/21)