Café solúvel custa até 40% menos do que o torrado e moído
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CAFEZINHO - IMAGEM FREEPIK
Café em pó fica 52% mais caro em 12 meses; solúvel tem alta de 17%, mostra Fipe.
O índice de inflação da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) indica que o café em pó teve aumento de 52% para o consumidor nos últimos 12 meses. No mesmo período, o solúvel acumulou alta de 17%.
Uma diferença grande em um período de preços históricos do café no campo, nas Bolsas e no varejo. Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), diz que isso se deve ao modus operandi das indústrias.
A indústria de solúvel tem uma capacidade de giro da matéria-prima mais lenta, enquanto a indústria de torrefação trabalha quase que "da mão para a boca".
O setor de solúvel trava as compras, faz hedge e procura se prevenir da volatilidade de preços do mercado. As vendas chegam a ser programadas para até dois anos. Uma coisa, porém, é certa: as margens diminuíram, e muito, para todos, diz ele.
Para o diretor da Abics, o solúvel é uma alternativa econômica e prática, oferecendo um custo por xícara mais barato, além de eliminar gastos com filtros e outros utensílios no preparo.
Lima diz que o café solúvel hoje é de 33% a 40% mais barato do que o torrado e moído. Ele faz esse cálculo tomando como base o volume de 1 kg de café torrado e torrado e moído na comparação com 1 kg do solúvel, ambos divididos pela proporção de gramas que se utiliza para o preparo de 50 ml de cada tipo (quantas doses são possíveis de fazer).
Com base nos preços nos supermercados, a dose do solúvel gira de R$ 0,18 a R$ 0,29, e a do torrado e moído, de R$ 0,30 a R$ 0,43 nos cálculos da Abics. São necessários 5 gramas por xícara para o café moído e 1 grama para o solúvel.
O consumo de café solúvel vem aumentando, e atingiu 1,1 milhão de sacas no ano passado no Brasil, 5% do consumo total da bebida no país. O crescimento médio anual de 2016 a 2024 é de 3,9%, mas a taxa de evolução foi de apenas 0,6% no ano passado.
A participação do solúvel é bem maior no consumo mundial, chegando a 28% do mercado. Reino Unido, China, Rússia e México puxam a média para cima.
Os números internos do setor para 2024 foram recordes, tanto no consumo como nas exportações e no faturamento externo. Para 2025, essa equação está difícil, e o setor aposta em um desempenho conservador, com taxa de evolução de 2% positiva a 2% negativa.
Lima afirma que está difícil uma visão do que ocorrerá neste ano. Com clima normal, a oferta seria maior e os preços ficariam menores. O que se vê, porém, são temperaturas altas, chuvas irregulares em algumas regiões e excesso delas em outras.
Para aproximar ainda mais o consumidor ao produto, a Abics lançou nesta quinta-feira (20) um site chamado "Descubra Café Solúvel". O objetivo, segundo Lima, é auxiliar o consumidor a conhecer e a explorar mais o universo do solúvel.
O apreciador de café vai encontrar nessa página da Abics informações a respeito de cursos, selo de qualidade, tipos e qualidade dos cafés solúveis do mercado brasileiro, além de formas de preparo e de processamento, afirma o diretor (Folha, 21/2/25)