19/04/2023

Captação de leite cai 5% em 2022; custos em 7 Estados crescem 50% em 3 anos

Quando analisado o estado de Minas Gerais, maior produtor nacional, há uma queda ainda maior na captação de leite, na ordem de 5,9% (Imagem- Pixabay-falovelykids)

GARRAFAS DE LEITE(Imagem- Pixabay-falovelykids)

 

Por Pasquale Augusto

A pecuária leiteira em 2022 enfrentou o seu segundo ano consecutivo de redução na quantidade de leite adquirido.

De acordo com dados da Pesquisa Trimestral do Leite do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compilados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam para uma queda de 5,05% na captação de leite do Brasil, em relação ao volume total de 2021.

Assim, foram captados 23,8 bilhões de litros em 2022, contra 25,1 bilhões em 2021. Quando analisado o estado de Minas Gerais, maior produtor nacional, há uma queda ainda maior na captação, na ordem de 5,9%.

Preços recordes e aumento dos custos da atividade

Em função da oferta restrita no campo, o leite UHT apresentou preços recordes em 2022. Segundo o Cepea, o produto atingiu R$ 6,50/L no atacado paulista em julho de 2022. No ano, no estado de São Paulo, houve retração de 6,36% na captação. Com a mesma intensidade, o preço pago ao produtor chegou a R$ 3,57/litro (média Brasil), sendo outro recorde histórico da série do centro de estudos.

Além do clima adverso em algumas regiões, os custos de produção e as margens estreitas da atividade influenciaram a redução na oferta do leite.

Dados do Projeto Campo Futuro, parceria entre a Confederação Nacional da Agricultura e o Cepea, mostram significativo aumento de 50% no Custo Operacional Efetivo (COE) no acumulado de janeiro de 2020 a fevereiro de 2023 para a “Média Brasil” (MG, PR, RS, SC, GO, SP, BA).

Em 2022, houve certa estabilidade dos custos mesmo diante do cenário de inflação global, com alta de 2,5%, sendo um panorama mais positivo frente aos anos anteriores. Em 2021, o COE subiu 18,7% e em 2020, a alta foi de 23,4%.

No entanto, o Cepea ressalta que os custos e os preços dos insumos continuam historicamente elevados, pressionando, assim, as margens da atividade, com a valorização da dieta total, seja para aquisição de rações ou para produção de volumoso, sendo o principal fator que elevou os custos nos últimos anos (Money Times, 18/4/23)