20/01/2023

Carnes começam ano com queda de preço para consumidores

Carnes começam ano com queda de preço para consumidores

BOI PORCO E FRANGO Foto Blog Rural Soft

Cepea aponta retrações no campo, o que reflete nos preços do varejo.

As carnes começam o ano com pressão menor no varejo do que vinham tendo no ano passado. A queda ocorre devido à perda de preços no atacado, após recuos nos valores de negociações no campo.

Mas não é só isso. Janeiro é um período de dificuldades maiores para o consumidor administrar suas finanças. Impostos, matrículas escolares e outras despesas típicas deste período do ano reduzem o poder de compra, afirma Luiz Henrique Alves de Melo, analista do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o preço da carne de frango caiu 1,3% nos últimos 30 dias no varejo e deve apresentar retração maior nas próximas semanas, uma vez que a queda no atacado já atingiu 7,62% nas duas semanas de janeiro para o frango congelado, conforme acompanhamento do Cepea.

A tendência de queda ou de alta dos preços demora mais para aparecer nos dados da Fipe, uma vez que a instituição sempre compara os valores médios das últimas quatro semanas com os das quatro imediatamente anteriores.

A carne suína tem recuo ainda maior que a de frango neste ano. O acompanhamento do Cepea mostra desaceleração de 17,1% no preço do suíno na granja, quando comparado o preço atual com o do final de dezembro.

Essa queda no campo chega também aos consumidores. Há um mês, a Fipe apontava alta média de 2,33% nos preços médios da carne suína nos supermercados. Na divulgação do índice desta semana, já há uma estabilidade.

A carne bovina também já dá sinais de queda no varejo, segundo a Fipe, refletindo a retração no campo. A arroba de boi gordo, que estava a R$ 340 há um ano, recuou para R$ 300 em junho e vale R$ 287 atualmente, mostra o Cepea.

Nessa tendência de queda dos preços das proteínas no atacado, perdem mais competitividade as carnes bovina e suína, que têm um movimento menor de retração que o da carne de frango, afirma o analista do Cepea.

Para Melo, é difícil estimar uma tendência de mercado para os próximos meses. Vai depender do movimento de abates, renda de consumidores, exportações e outros fatores.

De acordo com o relatório mais recente da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), as exportações de janeiro deste ano de carnes "in natura" estão mais aquecidas que as de igual mês de 2022.

Neste período, a venda externa de carne de frango aumentou 28%; a bovina, 18%; a suína, 8%.

O mercado externo tem sido um balizador para a oferta e os preços internos. Os preços de exportação das carnes de frango e suína neste ano ainda superam os de janeiro de 2022. O da carne bovina, no entanto, recua 7%, segundo a Secex (Folha de S.Paulo, 20/1/23)