01/04/2024

Carros elétricos fabricados na China serão 25% do mercado europeu em 2024

Carros elétricos fabricados na China serão 25% do mercado europeu em 2024

CARRO ELETRICO BYD Foto Walter Eric Sy Shutterstock

 

Montadoras europeias alertam que onda de modelos mais baratos irá desvalorizar aqueles produzidos por empresas locais.

Um quarto dos veículos elétricos vendidos na União Europeia neste ano serão feitos na China, com os novos entrantes continuando a conquistar vendas de rivais locais, de acordo com análise do grupo Transport & Environment.

Cerca de 19,5% dos carros a bateria vendidos no bloco no ano passado foram fabricados no país, devido ao aumento das vendas de marcas chinesas como MG e BYD e fatores como a americana Tesla usando sua fábrica em Xangai para fornecer peças para o mercado europeu.

Esse percentual subirá para 25,3% em 2024, de acordo com a T&E.

Embora muitos fabricantes ocidentais, como Tesla, BMW e Renault, fabriquem carros elétricos na China que exportam para a Europa, os carros elétricos de marcas chinesas sozinhos devem representar 11% do mercado de carros elétricos da UE este ano, subindo para 20% até 2027.

Marcas chinesas como BYD já subiram de 0,4% do mercado europeu de carros elétricos em 2019 para 8% das vendas no ano passado.

As descobertas surgem enquanto Bruxelas finaliza uma investigação sobre se os subsídios locais ajudaram os carros elétricos fabricados na China a custar menos que os modelos fabricados na Europa —uma investigação que deve resultar em um aumento nas tarifas sobre os carros elétricos vindos da China.

Montadoras como Renault e Stellantis alertaram que uma onda de modelos chineses mais baratos irá desvalorizar aqueles produzidos por empresas europeias.

Uma tarifa de 25% —em comparação com os atuais 10%— poderia arrecadar até 6 bilhões de euros por ano para a Comissão Europeia, e "tornaria os carros da UE competitivos com os carros elétricos fabricados na China", sugere o estudo.

 

Em particular, sedãs e SUVs de médio porte fabricados na China —os maiores e mais lucrativos segmentos do mercado de carros— se tornariam mais caros do que seus equivalentes europeus se os fabricantes repassassem as tarifas mais altas, constatou o estudo.

Isso provavelmente impulsionaria mais fabricação local por grupos chineses, acrescentou.

"As tarifas forçarão as montadoras a localizar a produção de carros elétricos na Europa, e isso é algo bom porque queremos esses empregos e qualificações", disse Julia Poliscanova, diretora de políticas da T&E.

"Mas as tarifas não protegerão as montadoras tradicionais por muito tempo. As empresas chinesas construirão fábricas na Europa e, quando isso acontecer, nossa indústria automobilística precisa estar pronta."

A chinesa BYD já está construindo uma nova fábrica na Hungria que deve começar a produzir carros elétricos no final do próximo ano.

A empresa disse que deseja se tornar uma das maiores marcas europeias de carros elétricos até o final da década e representar um em cada dez carros a bateria vendidos na região até 2030.

No entanto, tarifas europeias mais altas sobre carros elétricos importados também correm o risco de afetar a Tesla, a BMW e a marca Dacia da Renault, que vendem modelos a bateria na Europa fabricados na China, acrescentou a T&E.

E muitas das empresas chinesas já vendem carros elétricos em seu mercado interno a uma fração do preço cobrado na Europa —levando analistas a sugerir que elas seriam capazes de absorver tarifas mais altas e ainda conseguir obter lucro com os modelos.

Atualmente, os carros elétricos de marcas chinesas vendidos na Europa são até 28% mais baratos do que os das marcas europeias.

O chefe europeu da BYD, Michael Shu, disse ao Financial Times no mês passado que os subsídios locais são menos importantes do que tecnologia e eficiência para tornar seus veículos mais baratos.

"É porque investimos nessa tecnologia muito antes e muito mais do que os concorrentes. Não é por causa do subsídio" (Financial Times, 28/3/24)