Carta aberta ao Presidente Trump – Por Antonio Cabrera

Foto Reprodução - Julia Demaree Nikhinson - AP

Caro Presidente Trump,

Eu gostaria, antes de mais nada, desejar o mais completo sucesso nessa sua nova gestão.

Ao mesmo tempo, eu gostaria de tomar a liberdade de fazer uma sugestão.

Tenho reparado que a Presidente do México tem feito várias declarações controversas e, ao que tudo indica, dará muito trabalho a esse seu novo mandato.

É nesse ponto que gostaria de sugerir, por que não comprar mais produtos do Brasil?

Os brasileiros adoram a América!

Somos o maior número de visitantes na Flórida e um dos maiores dos EUA.

Sendo assim, com a assinatura da USMCA, de maneira injusta, o suco mexicano de laranja tem entrado nos EUA com zero de imposto, enquanto o brasileiro paga mais de 400 dólares por tonelada.

Resumindo, a expansão do suco mexicano ocorre às custas de um pesado imposto incidente sobre o produto brasileiro.

Apesar de tudo isso, gostaria de lembrar que o nosso suco tem um preço melhor e é muito mais saboroso.  Ele chega a ser usado para ser misturado em sucos de outros países para ser mais palatável.

De cada 10 copos de sucos de laranja exportados, 8 são do Brasil.

Somos altamente sustentáveis, pois para cada 2,5 hectares produtivos, a citricultura preserva 1 hectare.

Cerca de 84% da produção de mel no Estado de SP está localizada em regiões com pomares de laranja, o que mostra que não há impacto negativo sobre esses insetos.

Há, Presidente Trump, uma laranjeira para cada brasileiro.

Ao se aproximarem da terceira década do século XXI, os EUA precisam de uma reavaliação estratégica global que deixe de lado legados dispendiosos e revigore alianças essenciais.

A medida que esse século se desenvolve, a América Latina terá uma relevância muito maior para os EUA do que o Oriente Médio.

Quero convidá-lo a corrigir esse erro histórico, pois o Brasil é um dos mais, se não o mais confiável parceiro na América do Sul.

Somos a maior potência da região, com uma sólida base industrial; um enorme mercado para indústrias, empresas e produtos americanos.

Apesar do atual governo, somos a maior coalização conservadora e de livre mercado da região.

Nesses tempos de insegurança, o Brasil foi o único país da região a enviar soldados para lutarem juntos dos americanos na Segunda Guerra mundial.

Aliás, pense em algum momento se a China ou Rússia montarem bases na Venezuela.

Além do mais, como os EUA, o Brasil é um país profundamente cristão.

Gostamos de música country, onde temos o nosso próprio estilo.

Somos um sólido bastião da civilização ocidental em um momento em que seus aliados europeus estão em declínio e a influência internacional de outras civilizações concorrentes está aumentando.

Assim, Senhor Presidente, o que o senhor quiser nós temos para vender, desde minério até alimentos e aviões.

Ah, e o melhor e mais delicioso café do mundo.

Estamos na torcida por esses novos tempos! (Antonio Cabrera foi Ministro da Agricultura e Reforma Agrária; 20/1/25)