11/09/2018

Carta ao Futuro Presidente do Brasil – Por Tarcisio Angelo Mascarim

Carta ao Futuro Presidente do Brasil – Por Tarcisio Angelo Mascarim

Estamos próximos às eleições e precisamos colaborar com o Novo Presidente, sugerindo alguma medida que traga o desenvolvimento de nosso país.

Por isso, tomo a liberdade de enviar esta carta a ele (ou ela), para que leia e atenda à minha sugestão:

Excelentíssimo Senhor Novo Presidente,

Tão importante quanto o Plano de Enfrentamento aos Impactos do Desemprego é discutirmos um Plano para a retomada do setor sucroenergético, o qual, por falta de políticas públicas adequadas, encontra-se praticamente estagnado desde a crise de 2008.

Antes de entrar no mérito da questão, vamos conhecer a nossa cidade de Piracicaba, que no passado foi o maior centro açucareiro do Estado de São Paulo, com mais de 10 usinas produzindo açúcar, etanol e energia, a partir da cana-de-açúcar, e centenas de empresas voltadas para a fabricação de máquinas e equipamentos para esse setor. Assim, a economia piracicabana circulava em torno da produção de cana-de-açúcar.

Atualmente, com a vinda de empresas como Caterpillar, Arcelor Mittal, Hyundai, a economia de Piracicaba está bem diversificada.

Agora, quero contar um pouco da história do setor sucroenergético. Antes de 1975, as usinas só produziam açúcar. Com o aumento do petróleo e como alternativa à gasolina para reduzir a emissão de CO2 para a atmosfera, o então presidente Ernesto Geisel aprovou o Programa Nacional do Álcool, que foi reconhecido pelo Banco Mundial como “o maior programa de energia alternativa do mundo”.

Nesse momento, surgiu uma concepção inédita a nível mundial em termo de produção, ou seja, a “destilaria autônoma de etanol”. Foi um período muito rico em desenvolvimento tecnológico e o Brasil se tornou o maior produtor de etanol (álcool) do mundo. O setor, como resultado, aumentou a sua produção de cana-de-açúcar, passando de 100 milhões de toneladas para 200 milhões de toneladas de cana.

A partir de 2003, com a ratificação do Protocolo de Kioto e com o lançamento do carro flex, entramos em outro grande momento, que se transformará definitivamente em um crescimento sustentado do setor, em razão do recente e espetacular interesse mundial pelo álcool.

Apesar de ser o mesmo etanol (álcool) do início do Proálcool, quando o interesse era somente interno pelo etanol combustível, alternativo à gasolina, atualmente, o interesse é também pelos aspectos ambientais relacionados ao uso do etanol, pela redução das emissões veiculares, por não influir no efeito estufa, por ser proveniente de matéria-prima renovável (cana-de-açúcar) e por ser uma energia não fóssil.

Vamos fazer uma retrospectiva de 2005, quando foi implementado um Plano do BNDES para o setor sucroenergético, para atender às expectativas de consumo do açúcar e etanol futuro, cujo objetivo era sair de uma produção de cana-de-açúcar de 384 milhões de toneladas (2004/05) para 1 bilhão de toneladas, o que representava um aumento de 616 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e a construção de cerca de 205 unidades de novas usinas, de 3 milhões de toneladas cada uma.

O setor respondeu positivamente, pois, de 2005 a 2009, aumentou a produção de cana-de-açúcar para 624 milhões de toneladas, ou seja, 240 milhões de toneladas a mais, o que resultou na inauguração de mais de 100 novas unidades industriais.

Infelizmente, a partir de 2009, o setor passou a enfrentar período de estagnação de investimentos, causado pela política errada de manter o preço da gasolina para o consumo, fato que, além de quebrar o setor sucroenergético, provocou prejuízos maciços para a Petrobras, pois importava a gasolina mais cara para vender ao preço praticado no Brasil.

Esta estagnação do setor sucroenergético deu origem a um trabalho elaborado em 2011 por especialistas do BNDES, do qual cito uma parte da conclusão: “Por outro lado, dadas as projeções de demanda de açúcar e etanol brasileiros, estima-se que 134 novas usinas, com capacidade de moagem de quatro milhões de toneladas de cana cada uma, sejam necessárias para atender à demanda projetada para os próximos anos. Isso equivale à instalação de cerca de 17 usinas por safra a partir de 2013/14.”

Portanto, esta é uma proposta de especialistas do BNDES, que é o banco do governo, para a retomada do desenvolvimento econômico do setor sucroenergético, a qual continua esquecida pelo próprio governo e que deve ser estudada pelo Novo Presidente, para o desenvolvimento econômico do setor.

Para seu conhecimento, Excelentíssimo Senhor Novo Presidente, citamos que atualmente os principais produtos da cana-de-açúcar, devido à tecnologia atual, são açúcar, etanol, bioeletricidade, biopolímeros. E, com a tecnologia em desenvolvimento, temos diesel, querosene de aviação, gasolina, detergentes e solventes, cosméticos, lubrificantes, sabores e fragrâncias, alimentos.

O que o setor está aguardando, Novo Presidente, é que o governo olhe para ele com a importância que a cana-de-açúcar merece e adote as políticas públicas adequadas para a retomada do seu desenvolvimento sustentável, para colaborar com a renda do nosso país e proporcionar emprego para a nossa gente (Tarcisio Angelo Mascarim é sócio e administrador da Mascarim & Mascarim Sociedade de Advogados. Leia mais artigos no www.tarcisiomascarim.com.br)