‘Carta do Carrefour foi muito fraca dado o estrago de imagem que produziu’
Arthur Lira critica carta enviada por CEO global do Carrefour. Foto Marina Ramos – Agência Câmara
Na carta enviada ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o CEO mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, se desculpou pela confusão gerada com a agricultura brasileira e reconheceu a qualidade da carne brasileira, mas não informou se o grupo vai retomar a compra de carnes do Mercosul pelas unidades francesas.
Há uma semana, Bompard comunicou em suas redes que a varejista se comprometeria a não comercializar carnes provenientes do Mercosul na França, independentemente dos “preços e quantidades de carne” que esses países possam oferecer”, afirmando que esses produtos não respeitam os requisitos e normas do mercado francês.
Em represália à medida, frigoríficos brasileiros suspenderam o fornecimento de carnes ao Grupo Carrefour no Brasil e condicionaram a retomada do fornecimento de produtos ao Carrefour Brasil a uma retratação pública de Bompard.
Lira citou ainda as declarações recentes do CEO do grupo sucroalcooleiro francês Tereos, Olivier Leducq, que se posicionou contra a aprovação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul sob os termos atuais, afirmando que o texto criaria uma “concorrência desleal”. “É temerário que o Congresso Nacional, o governo, o Itamaraty não se posicionem mais firmemente. Duas empresas francesas com escalada de narrativas não verdadeiras falando para o mundo”, criticou Lira, mencionando o rigor sanitário da produção brasileira e o Código Florestal Brasileiro. “Não há país no mundo com as reservas ambientais e as terras indígenas que o Brasil tem”, pontuou (Estadão, 27/11/24)
Lira pauta urgência para projeto sobre ‘reciprocidade ambiental’ após Caso Carrefour
Lira considerou 'fraca' a carta de retratação do CEO global do Carrefour ao Ministério da Agricultura. Foto Wilton Junior - Estadão
Ação é resposta à decisão da rede francesa de não vender mais carne do Mercosul; texto proíbe o Brasil de realizar acordos que possam representar restrições às exportações do País.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), colocou na pauta do plenário nesta terça-feira, 26, um requerimento de urgência para o projeto de “reciprocidade ambiental”, de autoria do deputado Tião Medeiros (PP-PR).
O texto proíbe o Brasil de “participar, patrocinar, aceitar, propor, ser signatário, anuir, assinar, normatizar ou de qualquer forma vincular-se a compromissos, tratados, acordos, termos, memorandos, protocolos, contratos ou instrumentos internacionais nos âmbitos bilateral, regional ou multilateral que possam representar restrições às exportações brasileiras e ao livre comércio, quando os outros países ou blocos de países signatários não adotarem em seu marco legal e regulatório instrumentos equivalentes”.
O andamento do projeto é uma resposta à decisão da rede francesa do Carrefour de não vender mais carnes do Mercosul. Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, enviou uma carta de retratação ao Ministério da Agricultura, que Lira considerou “fraca”.
Segundo Lira, após a aprovação do requerimento de urgência, a relatoria do projeto será entregue ao deputado Zé Vitor (PL-MG). A expectativa é de unir o texto a uma proposta similar que tramita no Senado, de autoria do senador Zequinha Marinho (PL-PA) (Estadão, 27/11/24)