Centro-Sul tem menor moagem de cana para 1ª quinzena de janeiro em 10 anos
Com a safra praticamente encerrada, as unidades produtoras do Centro-Sul do Brasil processaram na 1ª quinzena de janeiro o menor volume de cana para o período no histórico dos últimos 10 anos, informou nesta quarta-feira a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
Ao todo, foram esmagadas apenas 166 mil toneladas de matéria-prima, queda de 85,9 por cento na comparação anual. Na segunda quinzena de dezembro, o volume havia sido de 2,5 milhões de toneladas.
“O fim da safra em praticamente todas as usinas e destilarias do Centro-Sul, além das chuvas intensas, influenciaram o resultado na primeira quinzena de janeiro”, explicou o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, em nota.
Conforme ele, até 16 de janeiro somente seis unidades estavam em operação no Centro-Sul. Para Rodrigues, a moagem de cana em janeiro e fevereiro será marginal, enquanto o desempenho em março dependerá das condições climáticas.
No acumulado da temporada 2017/18, que se encerra oficialmente em março, o processamento de cana chega a 583,5 milhões de toneladas, perto das 585 milhões de toneladas previstas pela Unica para o ciclo.
PRODUTOS
O setor sucroenergético do Centro-Sul do Brasil segue priorizando o etanol em detrimento do açúcar. Na primeira quinzena de janeiro, 83,26 por cento da oferta de matéria-prima foi direcionada à fabricação do biocombustível e só 16,74 por cento para açúcar.
Dado um nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) de 106,57 kg por tonelada, foram produzidos 43 milhões de litros de etanol na quinzena (queda de 37,3 por cento na comparação anual) e só 3 mil toneladas de açúcar (recuo de 92 por cento).
No acumulado da temporada, os volumes são de 25,26 bilhões de litros de etanol e 35,8 milhões de toneladas do adoçante, respectivamente.
O etanol passou a ser mais atrativo para as usinas a partir do segundo semestre de 2017, na esteira da queda dos preços internacionais do açúcar e da incidência de maiores tributos sobre a gasolina no Brasil, concorrente direta do etanol.
Na primeira quinzena de janeiro, por exemplo, as unidades produtoras do Centro-Sul comercializaram 1,04 bilhão de litros de álcool, alta de 19 por cento na comparação anual, refletindo “o forte incremento nas vendas de etanol hidratado ao mercado interno”, segundo a Unica.
As vendas do concorrente direto da gasolina na primeira metade do mês somaram 656,37 milhões de litros, alta de 50 por cento frente igual período de 2017.
“Pela 7ª quinzena consecutiva, a venda do renovável aumentou comparativamente a 2017, pautada pela melhor remuneração sobre o açúcar”, afirmou o diretor técnico da Única (Reuters, 24/1/18)