CEOs do agro veem negócios ameaçados por mudanças climáticas

Foto Reprodução Blog PwC
Pesquisa da PwC, com mais de 4,7 mil executivos em 100 países, mostra que executivos do setor tem uma preocupação maior com questões relacionadas ao clima do que outros segmentos
Pesquisa global com CEOs de diversos setores realizada pela PwC revela que executivos do agronegócio brasileiro veem negócios mais ameaçados por mudanças climáticas que os de outros segmentos. Segundo o levantamento, 56% dos CEOs do setor apontam as mudanças climáticas como principal ameaça aos seus negócios, ante 54% há um ano, quando os riscos climáticos também foram considerados a principal ameaça às empresas do setor.
O resultado é mais que o dobro da média nacional, que inclui outros setores, de 21%, e também supera a média global, de 14%.
Mais de 4,7 mil executivos em 100 países foram entrevistados para a 28ª edição da Pesquisa Global com CEOs da PwC, auditoria e consultoria. Para o sócio da PwC Brasil e líder de Agronegócio no Brasil da consultoria, Maurício Moraes, o resultado mostra uma preocupação constante e crescente do setor com o clima e que o tema está na agenda dos CEOs do agro.
“O fato de o agronegócio ser uma fábrica a céu aberto explica parte do resultado, já que o setor está sujeito a diversas intempéries climáticas, e parte do resultado está ligado também às ocorrências climáticas de 2024, como a tragédia do Rio Grande do Sul. Foi um ano de grande desafio climático com enchentes e secas no mesmo ano, o que traz riscos sobre as operações das empresas”, disse.
A segunda maior preocupação do setor é a baixa disponibilidade de mão de obra qualificada, apontada por 38% dos líderes empresariais do agronegócio como ameaça. O resultado supera a média global de 23% e o indicador nacional relatado por CEOs de outros setores, de 30%. Para Moraes, a falta de mão de obra qualificada mostra mais desafios do agronegócio em encontrar profissionais capacitados para atuação do setor.
A instabilidade macroeconômica foi citada por 24% dos CEOs do agronegócio brasileiro como uma ameaça aos negócios das empresas, contra 27% da média nacional e 22% da média global. Já a exposição dos negócios à inflação vem diminuindo na percepção dos líderes empresariais do agronegócio brasileiro, passando de 40% em 2023 para 34% em 2024 e 22% neste ano.
A média nacional com executivos de outros segmentos ficou em 24% e a global em 27%. Os riscos aos negócios relacionados a conflitos geopolíticos também reduziram, de 48% em 2023 para 31% há um ano e 22% na edição atual da pesquisa - ainda acima da média nacional de 12% e igual à média mundial.
Em meio à preocupação crescente com o clima e do impacto financeiro dos extremos climáticos sobre o setor, quase metade das empresas do agronegócio (47%) relataram ter ampliado a receita a partir de investimentos climáticos nos últimos cinco anos, acima da média nacional, de 30%, segundo a pesquisa. “Há muito o que ser feito para reduzir os riscos climáticos nas organizações”, afirmou Moraes.
De acordo com a PwC, 26% CEOs do setor afirmam que investimentos climáticos aumentaram seus custos. Não há percepção de que essas iniciativas diminuíram a receita. Dentre os executivos do agronegócio brasileiro, 62% afirmaram que sua remuneração variável está vinculada a métricas de sustentabilidade, ante 59% da média do Brasil (Estadão, 15/2/25)