CFO da Minerva Foods (BEEF3), Edison Ticle Por Pasquale Augusto
CFO da Minerva Foods (BEEF3), Edison TicleFoto Divulgação
Por Pasquale Augusto
O CFO da Minerva Foods (BEEF3), Edison Ticle, enxerga que o Brasil conta com dois problemas estruturais, a parte logística e tributária.
Ticle comenta que a empresa sofreu muito com a crise de contêineres, já que o frigorífico exporta 70% da sua produção em carnes congeladas.
“É impressionante como o aparato logístico do Brasil é disparado o pior de todos. Eu não estou comparando com os Estados Unidos, e sim com a Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia e Chile”, disse.
“Disparado aqui é o mais caro e o menos eficiente. O que a gente procurou fazer? Como a gente usa muito portos, resolvemos sair um pouco de Santos e do Sul. Tentando desenvolver algumas alternativas mais pro Norte”.
O diretor financeiro reforçou que o custo talvez seja um pouco mais caro no Norte, mas disse que é preciso levar em conta atrasos na parte dos contêineres. “Isso acaba impactando o capital de giro das companhias. Em um país em que a taxa de juros é de 13%-14%, o capital de giro faz muita diferença no retorno final”, completa.
A fala ocorreu durante o painel Brazilian Agriculture: A Global player in a Connected World, que também contou com a participação do CEO da SLC Agrícola, Aurélio e Erasmo Battistella, CEO da Be8, no primeiro dia do Latin America Investment Conference (LAIC), evento do UBS.
A questão tributária para Minerva
Quanto a parte tributária, apesar das vantagens do agronegócio em relação a outros setores, Ticle ressaltou os problemas na parte do departamento fiscal.
"A última notícia positiva, ironiza, é que o crescimento de 2025 será menor que o de 2024 e isso vai desafogar a "pressão" na área logística".
O executivo destacou os desafios enfrentados pela área fiscal da Minerva em diferentes países, apontando a discrepância na estrutura entre o Brasil e os demais mercados.
“No departamento fiscal da Minerva no Brasil, eu tenho entre 150 e 200 pessoas, enquanto no Paraguai eu tenho três. O mesmo acontece na Argentina, onde contamos com cinco ou seis pessoas, e no Uruguai, apenas duas”, afirmou.
Ele ressaltou que o sistema tributário brasileiro consome recursos excessivos da companhia. “Isso suga a massa cinzenta da companhia, já que, o tempo todo, precisamos fazer um planejamento tributário, entender o que acontece com o ICMS dos estados, com os créditos e os créditos presumidos.”
De acordo com o executivo, o impacto é tão significativo que chega a distorcer as decisões logísticas. “Acabamos tomando decisões irracionais do ponto de vista logístico, agravando ainda mais a situação que enfrentamos no país hoje” (Money Times, 28/1/25)