29/01/2025

CFO da Minerva Foods (BEEF3), Edison Ticle Por Pasquale Augusto

CFO da Minerva Foods (BEEF3), Edison Ticle     Por Pasquale Augusto

CFO da Minerva Foods (BEEF3), Edison TicleFoto Divulgação

 

Por Pasquale Augusto

 

 

O CFO da Minerva Foods (BEEF3), Edison Ticle, enxerga que o Brasil conta com dois problemas estruturais, a parte logística e tributária.

 

Ticle comenta que a empresa sofreu muito com a crise de contêineres, já que o frigorífico exporta 70% da sua produção em carnes congeladas.

 

“É impressionante como o aparato logístico do Brasil é disparado o pior de todos. Eu não estou comparando com os Estados Unidos, e sim com a Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia e Chile”, disse.

 

“Disparado aqui é o mais caro e o menos eficiente. O que a gente procurou fazer? Como a gente usa muito portos, resolvemos sair um pouco de Santos e do Sul. Tentando desenvolver algumas alternativas mais pro Norte”.

 

O diretor financeiro reforçou que o custo talvez seja um pouco mais caro no Norte, mas disse que é preciso levar em conta atrasos na parte dos contêineres. “Isso acaba impactando o capital de giro das companhias. Em um país em que a taxa de juros é de 13%-14%, o capital de giro faz muita diferença no retorno final”, completa.

 

A fala ocorreu durante o painel Brazilian Agriculture: A Global player in a Connected World, que também contou com a participação do CEO da SLC Agrícola, Aurélio e Erasmo Battistella, CEO da Be8, no primeiro dia do Latin America Investment Conference (LAIC), evento do UBS.

 

A questão tributária para Minerva

 

Quanto a parte tributária, apesar das vantagens do agronegócio em relação a outros setores, Ticle ressaltou os problemas na parte do departamento fiscal.

 

"A última notícia positiva, ironiza, é que o crescimento de 2025 será menor que o de 2024 e isso vai desafogar a "pressão" na área logística".

 

O executivo destacou os desafios enfrentados pela área fiscal da Minerva em diferentes países, apontando a discrepância na estrutura entre o Brasil e os demais mercados.

 

“No departamento fiscal da Minerva no Brasil, eu tenho entre 150 e 200 pessoas, enquanto no Paraguai eu tenho três. O mesmo acontece na Argentina, onde contamos com cinco ou seis pessoas, e no Uruguai, apenas duas”, afirmou.

 

Ele ressaltou que o sistema tributário brasileiro consome recursos excessivos da companhia. “Isso suga a massa cinzenta da companhia, já que, o tempo todo, precisamos fazer um planejamento tributário, entender o que acontece com o ICMS dos estados, com os créditos e os créditos presumidos.”

 

De acordo com o executivo, o impacto é tão significativo que chega a distorcer as decisões logísticas. “Acabamos tomando decisões irracionais do ponto de vista logístico, agravando ainda mais a situação que enfrentamos no país hoje” (Money Times, 28/1/25)