China antecipa compras de soja da safra de 2021 dos EUA
Embora os importadores tenham comprado menos de cinco cargas, as compras ocorreram antes do fim do primeiro trimestre, que seria o prazo típico (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)
A China está com tanto apetite por soja que começou a comprar suprimentos dos Estados Unidos da safra do próximo ano muito antes do período típico.
O maior importador mundial tem comprado cargas dos EUA ao longo da última na semana, de acordo com pessoas a par do assunto, que não quiseram ser identificadas.
Embora os importadores tenham comprado menos de cinco cargas, as compras ocorreram antes do fim do primeiro trimestre, que seria o prazo típico.
A China acelera as compras de produtos agrícolas dos EUA, do milho à soja, para alimentar o plantel de suínos que se recupera da peste suína africana em ritmo muito mais rápido do que traders e analistas esperavam. A economia do país asiático também se recupera da pandemia de coronavírus, o que ajuda impulsionar a demanda por alimentos.
“Para mim, é uma indicação de que eles têm um grande programa de compras para o próximo ano”, disse Stephen Nicholson, analista sênior de grãos e sementes oleaginosas do Rabobank.
“Os chineses têm compras tão grandes para fazer que precisam começar em algum momento, porque, quanto mais esperam, maior a probabilidade de aumentar o preço para eles mesmos.”
A soja será carregada nos portos dos EUA em outubro, disseram as pessoas, acrescentando que, na segunda-feira, compradores chineses continuaram a pedir mais ofertas de suprimentos para a temporada 2021-22.
Também há especulações de que a China precisará recorrer aos EUA para comprar suprimentos para fevereiro, já que o clima seco atrasa a safra do Brasil, o maior produtor mundial.
A diferença de preço entre a soja brasileira e a dos EUA naquele mês agora é estreita, e é “quase impossível” encontrar ofertas do Brasil para a primeira quinzena de fevereiro, de acordo com a AgResource, de Chicago.
“O atraso na semeadura no Brasil, combinado com o recente clima seco, atrasou a safra e a maturação”, disseram os consultores em relatório, o que traz dificuldades aos exportadores.
“O Brasil tem uma vantagem de qualidade e frete para a China, mas outros importadores mundiais serão estimulados a cobrir suas necessidades de importação de soja com os Estados Unidos”, disse a AgResource.
A China também pode estar preocupada com o impacto que o evento climático La Niña poderia ter sobre as safras quando os estoques brasileiros estão baixos.
“Sem dúvida, é atípico que a China saia tão à frente neste período”, disse Tom Fritz, sócio do EFG Group, em Chicago. “Pode ser um leve hedge contra uma baixa safra brasileira.” (Bloomberg, 8/12/20)