15/03/2019

China vê potencial para ampliar negócios com etanol e celulose no Brasil

China vê potencial para ampliar negócios com etanol e celulose no Brasil

Legenda: Xia Xiaoling, ministra-conselheira da Embaixada da China no Brasil

Principal importador de soja e de carne bovina, suína e de frango do Brasil, a China pode ampliar ainda mais o interesse por outros dois produtos do agro nacional: etanol e celulose. “Já há empresas chinesas que atuam na produção de biocombustíveis no Brasil e, caso haja oportunidade, recomendaria a elas investir mais nesses setores brasileiros”, disse, em entrevista AGROemDIA, a ministra-conselheira de Economia e Comércio da Embaixada da China no Brasil, Xia Xiaoling.

A representante do governo do país asiático também destacou que o volume de investimentos chineses no agro brasileiro, nos últimos anos, já ultrapassa US$ 2 bilhões em diferentes cadeias produtivas. Abaixo, a entrevista:

AGROemDIA – Qual o volume de investimentos chineses no agro brasileiro nos últimos anos?

Xia Xiaoling – Os investimentos das empresas chinesas na agricultura brasileira já ultrapassaram US$ 2 bi , principalmente em infraestrutura, logística, armazenagem, processamento de alimentos, usinas de açúcar e etanol, indústria de química fina de milho, comércio, plantio etc.

AGROemDIA – Quais as empresas chinesas que atuam com mais força no mercado brasileiro?

As empresas mais conhecidas são Cofco, LongPing High-Tech, Dakang, China Resouces, BBCA,Universo Verde e Guanfeng.

AGROemDIA – Quais as áreas de maior interesse da China para ampliar investimentos no Brasil?

Xia Xiaoling – Todas as áreas, desde que sejam de benefício mútuo.

AGROemDIA – Além de produtos alimentícios, a China pode expandir os negócios com o Brasil em outras setores do agro?

Xia Xiaoling – A China é o maior importador mundial de celulose e tem a meta de popularizar o consumo de etanol para automóveis até 2020. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol e celulose, atrás somente dos EUA. O Brasil e a China são complementares em oferta e demanda. Já há empresas chinesas que atuam na produção de biocombustíveis no Brasil e, caso haja oportunidade, recomendaria a elas que investissem mais nesses setores no país.

AGROemDIA – Como estão as trocas comerciais entre China e Brasil?

Xia Xiaoling – Segundo as estatísticas, em 2018, o Brasil exportou US$ 35 bilhões de produtos agrícolas para a China, com aumento de 32,8% em relação a 2017. A China responde por 35,8% das exportações totais dos produtos agrícolas brasileiros.

As trocas comerciais de produtos agrícolas representam um grande saldo negativo para a parte chinesa, porque o país exportou para o Brasil apenas cerca de US$ 1 bi, principalmente filé de peixe congelado, peixes secos, têxteis de algodão e vegetais [no ano passado].

Com isso, as importações de produtos agrícolas chineses representam somente 8,4% do total dos produtos do setor comprados pelo Brasil no exterior.

AGROemDIA – Além de soja e de carnes bovina, suína e de frangos, quais são os outros destaques da pauta de importação chinesa de produtos agrícolas do Brasil?

Xia Xiaoling – A China é o maior importador de muitos produtos agrícolas brasileiros. Entre eles, soja, carne bovina, carne suína , frango, celuloses, couros e peles, sucos e extratos vegetais, flocos de batata, algodão e fibras têxteis vegetais e o segundo maior importador de óleo de soja, madeira densificada, peixes secos e crustáceos (AGROemDIA, 14/3/19)