24/01/2019

Chuvas: Rio Grande do Sul tem perdas de mais de R$770 mi em soja e arroz

Chuvas: Rio Grande do Sul tem perdas de mais de R$770 mi em soja e arroz

O Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores de grãos do Brasil, já registra perdas por chuvas excessivas nas lavouras de soja e arroz estimadas em quase 800 milhões de reais, informou nesta quarta-feira a Emater, o órgão de assistência técnica do Estado.

A estimativa foi feita após a Emater realizar levantamento sobre os efeitos das chuvas, que chegaram a mais de 600 milímetros em alguns municípios em apenas uma semana, especialmente na região da Campanha e Fronteira Oeste do Estado, o maior produtor de arroz do Brasil.

A situação no Rio Grande do Sul, tradicionalmente o terceiro produtor de soja do Brasil, difere de outros Estados do país, que sofreram com a seca e altas temperaturas, motivando revisões para baixo nas estimativas de produção nacional da oleaginosa para 117 milhões de toneladas, segundo pesquisa da Reuters publicada nesta quarta-feira.

“O levantamento (da Emater) aponta para prejuízos significativos, especialmente para alguns municípios e para agricultores de áreas mais baixas e próximas aos rios, que saíram do leito nesse período”, disse o diretor-técnico da instituição, Lino Moura, em nota.

Foram levantados dados de 52 cidades mais atingidas —destes municípios, 16 decretaram situação de emergência, disse a Emater.

A situação foi considerada grave ao ponto de a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, marcar viagem na quinta-feira ao Estado, para contatar integrantes do setor.

Com a seca no Paraná desde o final do ano passado, analistas chegaram a apontar a possibilidade de o Rio Grande do Sul superar o outro Estado sulista como segundo produtor nacional.

Nas lavouras de soja naquelas mesmas regiões gaúchas, que totalizam pouco mais de 1 milhão de hectares cultivados, a Emater estimou prejuízos em 275 mil hectares, atingindo 1.950 produtores e ocasionando perdas de 339 mil toneladas, ou 435 milhões de reais somente nos 52 municípios.

“Municípios de outras regiões também terão perdas por falta de luminosidade e excesso de água no solo, mas ainda é cedo para uma avaliação mais consistente. O controle de pragas e doenças também foi prejudicado em alguns locais pelas chuvas e excesso de umidade no solo”, disse o órgão de assistência técnica.

Antes dos problemas pelas chuvas, a safra gaúcha de soja havia sido estimada pelo governo brasileiro em 18,7 milhões de toneladas.

A Emater também apontou problemas para o arroz irrigado, com 50.300 hectares alagados por rios e com perdas estimadas em 461 mil toneladas, totalizando 342 milhões de reais de prejuízo estimado.

Pelo último levantamento do Ministério da Agricultura, antes das perdas pelas chuvas, a expectativa era de que o Estado produzisse 7,88 milhões de toneladas de arroz.

Uma avaliação mais consistente dos prejuízos poderá ser feita após o retorno da normalidade dos níveis dos rios, acrescentou a Emater.

De acordo com a previsão climática, segundo o Refinitiv Eikon, as chuvas perderão intensidade até o início de fevereiro, ficando abaixo da média histórica para o período em todas as regiões produtoras gaúchas.

A situação de déficit de chuvas continuará em outros Estados produtores, como Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Na cultura do milho do Rio Grande do Sul, os chuvas atingiram 13.500 hectares, com perdas de 14,2 mil toneladas, representando um prejuízo de 9 milhões de reais, segundo a Emater.

O Rio Grande do Sul também teve danos pelas chuvas em estradas, o que pode prejudicar o escoamento da produção, especialmente de leite.

A situação vivenciada por agricultores gaúchos também foi registrada na Argentina em janeiro.

Cerca de 2 milhões dos 17,8 milhões de hectares plantados com soja, a principal cultura comercial da Argentina, foram danificados pelas fortes chuvas, segundo informações do setor (Reuters, 24/1/19)