01/10/2019

Ciência começa a dominar a ferrugem da soja, um alívio para os produtores

Ciência começa a dominar a ferrugem da soja, um alívio para os produtores

Consórcio formado por 12 empresas públicas e privadas espalhadas pelo mundo trabalham em combater o fungo.

A ferrugem, uma das doenças mais devastadoras da soja, começa a ser dominada pelos cientistas.
Os altos custos anuais desembolsados no combate à ação do fungo e a grande perda de produtividade da planta quando a doença não é tratada adequadamente podem deixar de ser um pesadelo para os produtores a médio prazo.

Nesta segunda (30), um consórcio formado por 12 empresas públicas e privadas espalhadas pelo mundo anunciou a conclusão do sequenciamento e da montagem de três diferentes amostras do fungo Phakopsora pachyrhizi, o portador da ferrugem da soja.

“A conclusão do sequenciamento e montagem do genoma do fungo de uma maneira inovadora e aberta é uma ótima notícia para toda a comunidade científica”, afirma Francismar C. Marcelino, pesquisadora da Embrapa Soja.

A declaração foi dada por meio de nota técnica publicada nos sites das entidades que participaram da pesquisa. Francismar explica que o sequenciamento ampliará a compreensão da adaptabilidade, da evolução e da diversidade genética do fungo, o que ajudará no desenvolvimento de estratégias para o controle da ferrugem asiática.

O trabalho dos pesquisadores foi intenso porque o patógeno —o fungo portador da doença— é capaz de se adaptar às estratégias de controle, limitando as soluções práticas para o problema.

A complexidade do genoma desse fungo dificultava sua caracterização por meio das técnicas usuais de sequenciamento. A formação de um consórcio único, com as 12 entidades envolvidas no processo, permitiu o emprego de tecnologias de sequenciamento de última geração, que, segundo os pesquisadores, foram usadas para fornecer leituras de fragmentos de DNA pequenos ou longos.

O sequenciamento mostrou, porém, que o genoma é extremamente rico em sequências repetitivas de DNA não codificante, de modo que os pesquisadores ainda têm muito caminho a percorrer. O consórcio quer agora decifrar a biologia do fungo e entender a sua complexa interação com a soja no nível molecular.

Entre os membros do consórcio estão a Embrapa, o Inra (um dos principais institutos de pesquisa agrícola na Europa), o Joint Genome Institute (EUA), a Bayer, a Syngenta, a Fundação 2Blades (EUA), o Sainsbury Laboratory, a empresa KeyGene e as universidades alemãs de Hohenheim e RWTH, Aachen, além da brasileira Federal de Viçosa e da francesa Lorraine.

A ferrugem asiática provoca estragos na produção de soja em todas as regiões produtivas. No Brasil, os prejuízos provocados pela doença chegam a US$ 2 bilhões (cerca de R$ 8,3 bilhões) (Folha de S.Paulo, 1/10/19)