14/09/2023

Clima no Rio Grande do Sul afeta colheita de milho no Paraná

Clima no Rio Grande do Sul afeta colheita de milho no Paraná

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Fortes rajadas de ventos provocam tombamento das lavouras no norte do estado.

Os efeitos climáticos do Rio Grande do Sul acabaram afetando também lavouras do Paraná, onde ventos fortes derrubaram parte milho que ainda está para ser colhido na região norte do estado.

Mesmo assim, os paranaenses deverão obter uma colheita recorde do cereal nesta safrinha. As estimativas mais recentes indicam 14 milhões de toneladas. Embora a área de plantio tenha diminuído 13%, a produtividade subiu 21%.

"São problemas pontuais, restritos às regiões de Londrina e de Cornélio Procópio, onde a colheita está mais atrasada", afirma Edmar Wardensk Gervasio, analista de milho do Deral (Departamento de Economia Rural).

Produtores acreditam em quebra de 5% nas lavouras afetadas, principalmente porque os ventos derrubaram mais o milho com espigas maiores e mais suscetíveis a quedas. As rajadas de ventos não afetaram, no entanto, as lavouras de forma uniforme, mas apenas parte delas.

Gervasio diz que 90% da área semeada no estado já foi colhida, incluindo as regiões com maior relevância, como o oeste do estado, onde o plantio ocorreu mais cedo.

Nas áreas de Toledo, Cascavel e Campo Mourão, onde a safra caminha para o final, há uma concentração de 1,1 milhão de hectares. Já em Londrina e Cornélio, regiões que detêm 440 mil hectares, 71% da área já foi colhida.

 Para o analista do Deral, de 100 mil a 150 mil hectares estão dentro dessa área que sofreu com corredores de intenso vendaval. Serão feitos ajustes na produtividade marginal, mas a produção total ainda se manterá recorde, afirma ele.

A área de plantio na safrinha recuou para 2,37 milhões de hectares em 2022/23. Na primeira safra, a de verão, que vem caindo ano a ano, foram semeados apenas 379 mil hectares, 12% a menos do que em 2011/22.

A soja vem ocupando o espaço do milho na safra de verão, Já o cereal amplia a área de produção no inverno. Há duas décadas, os paranaenses produziam 7,5 milhões de toneladas de milho no verão. Atualmente, são apenas 3,8 milhões. Já a segunda safra, a de inverno, saiu de 3,7 milhões, naquele período, para os atuais 14 milhões.

O milho vem ganhando importância na produção brasileira de grãos, e o Paraná mantém espaço nessa cultura. Neste ano, o VBP (Valor Bruto da Produção) do cereal atingirá R$ 142,3 bilhões. O Paraná responde por R$ 17,1 bilhões, 12,5% desse total. O VBP é o resultado das estimativas do volume produzido multiplicado pelo valor de venda do produto.

O VBP do milho só perde para o da soja, que deverá atingir R$ 330 bilhões neste ano, segundo dados do Ministério da Agricultura.

A maior oferta interna do cereal permite ao país também avançar no mercado externo. Neste ano, as exportações deverão superar 50 milhões de toneladas, com o país assumindo a liderança mundial em exportações.

De janeiro a agosto, a Secex contabiliza 25,2 milhões de toneladas de milho embarcados para o exterior, 42% a mais do que em igual período de 2022.

A produção brasileira de milho da safra 2022/23 deverá atingir 132 milhões de toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Já o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) prevê 137 milhões (Folha, 14/9/23)