CNA denunciará Carrefour e França por supostas violações a normas europeias
LOGOS DANONE, CARREFOUR, INTERMARCHÉ E TEREOS
Presidente de confederação diz buscar esclarecimento sobre críticas infundadas de executivo francês.
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) formalizará uma reclamação junto à Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, contra uma suposta ação articulada entre Carrefour, empresários franceses e o governo de Emmanuel Macron para prejudicar à venda de carne brasileira na Europa. O presidente da entidade, João Martins, anunciou a medida nesta terça-feira (26).
A rede francesa de supermercados protagoniza uma crise diplomática e econômica com o agronegócio brasileiro, após o CEO mundial da empresa, Alexandre Bompard, publicar um comunicado nas redes sociais de que as lojas francesas não comprariam mais carne vinda do Mercosul. A justificativa foi o "risco de inundar o mercado francês com uma produção de carne que não respeita suas exigências e normas".
"A ação do Carrefour e de diversas empresas francesas teve apoio do governo francês, como demonstra recente fala da ministra da Agricultura da França", afirmou o consultor jurídico da CNA Carlos Horbach, em vídeo gravado junto com Martins. Na segunda-feira (25), a chefe da pasta sob Macron, Annie Genevard, repetiu as críticas de Alexandre Bompard ao produto brasileiro, para se opor ao acordo comercial entre Europa e o bloco sul-americano.
Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins. Foto Adriano Machado - Reuters
"Essas medidas podem caracterizar uma violação das regras de proteção à concorrência da União Europeia", disse Horbach. "Por isso, a CNA vai formalizar uma reclamação junto às autoridades europeias para fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado."
O Carrefour publicou uma carta de retratação pelo posicionamento de seu CEO, o que não dissuadiu a CNA de reagir.
O comunicado, entretanto, freou o boicote de 23 frigorifícos nacionais, incluindo JBS e Marfrig, que suspenderam o abastecimento às unidades brasileiras do conglomerado francês. Indagada pela Folha se o veto ao produto continuaria ou seria revogado na França, a empresa não respondeu.
"Fomos surpreendidos pela atitude de umas empresas francesas, Carrefour e outras empresas, que de uma hora para outra procuraram mostrar uma imagem de que a carne que estamos colocando na Europa não é uma carne de qualidade, que não atende os padrões europeus", afirmou o presidente da CNA.
"Isso não é verdade, porque o Brasil se tornou o maior exportador de carne do mundo", acrescentou. A carne brasileira atende a mercados nos Estados Unidos, Europa, Oriente Médio, China e outros países asiáticos, embora a pecuária bovina americana lidere no mundo em produção.
A CNA, segundo Martins, contratou um escritório de advocacia sediado em Bruxelas, na Bélgica, para representar a entidade no pleito contra as empresas e o governo francês. "As ações visam a buscar o esclarecimento da verdade."
Para o ministro brasileiro da Agricultura, Carlos Favaro (PSD), a retratação do Carrefour cumpriu seu papel. "Diz que o Brasil cumpre as normas, tem qualidade, tem sabor", disse Fávaro.
Na segunda-feira (25), o chefe da pasta da Agricultura reclamou que o boicote da empresa incluía o frango. Na ocasião, ele manifestou apoio ao boicote promovido pelos fornecedores de carne brasileiros contra a operação brasileira do Carrefour.
O embaixador francês, Emmanuel Lenain, intercedeu na situação e foi à sede da pasta nesta segunda. Foram os diplomatas da França que informaram o ministério sobre a intenção do Carrefour de se desculpar (Folha, 27/11/24)
CNA vai adotar medidas legais contra Carrefour e empresas francesas
Presidente da entidade afirma que ações judiciais serão tomadas a partir do escritório de advocacia em Bruxelas, na Bélgica.
Carlos Bastide Horbach, consultor jurídico da CNA ao lado do presidente João Martins. Foto Divulgação CNA
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirmou, em nota divulgada nesta terça-feira (26), que vai adotar medidas junto à União Europeia contra o Grupo Carrefour e demais empresas francesas que anunciaram que deixariam de comprar carne de países do Mercosul.
“Nós fomos surpreendidos pela atitude do Carrefour e outras empresas que, de uma hora para outra, procuraram mostrar uma imagem de que a carne que estamos colocando na Europa não é uma carne de qualidade, não atende os padrões europeus. Isso não é verdade porque o Brasil se tornou o maior exportador do mundo, não só atendemos Estados Unidos, Europa, Oriente Médio como também China e países asiáticos. Diante dessa acusação, nos vimos obrigados a buscar nosso escritório em Bruxelas [capital da Bélgica] e nosso escritório de advocacia que nos atende em Bruxelas para entrar com as ações devidas para buscar esclarecimento da verdade”, afirmou o presidente da CNA, João Martins.
O consultor jurídico da entidade Carlos Bastide Horbach, esclareceu o passo-a-passo do trâmite: “Sob orientação do presidente João Martins, o jurídico da CNA já está em tratativa com o escritório que atende a Confederação em Bruxelas para avaliar essa ação do Carrefour e de diversas outras empresas francesas. E com apoio do governo francês, como demonstra a recente fala da ministra da agricultura da França, medidas essas que podem caracterizar uma violação das regras de defesa da concorrência da União Europeia. Por isso, a CNA vai formalizar uma reclamação junto aos órgãos da União Europeia para fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado específico” (Canal Rural, 17/11/24)