CNA quer melhor remuneração para cana-de-açúcar
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) quer melhorar o preço pago ao produtor de cana-de-açúcar e, para isso, está desenvolvendo um índice de preço real em parceria com as federações de agricultura e pecuária e as entidades do setor. O assunto foi um dos temas da reunião da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA nesta quarta (13), em Brasília.
“É interesse da CNA trabalhar junto com as Federações e organizações para mostrar a grave discrepância nos preços pagos ao produtor. A CNA não quer substituir nenhum índice que já existe, mas apenas lançar um preço justo, transparente e de credibilidade tanto para o produtor quanto para o mercado”, afirmou o presidente da Comissão, Ênio Fernandes.
O índice sugerido pela CNA está sendo elaborado por uma consultoria que presta serviços para a entidade no levantamento de custos de produção da cana. Atualmente, o preço pago ao produtor é baseado no Consecana, conselho formado por produtores e indústria, que deveria ter sido revisado em 2017.
“Os preços que são praticados hoje não refletem a realidade e estão inviabilizando as atividades do produtor”, destacou Gustavo Rattes, vice-presidente da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana). “O Consecana é um sistema justo, mas precisa de revisão devido à defasagem dos preços.”
Outro item da pauta foi a venda direta do etanol das usinas para os postos. Atualmente apenas as distribuidoras podem fazer essa transação.
“Existe hoje uma resolução da ANP que dá exclusividade para as distribuidoras. A CNA está discutindo para que a gente consiga a liberação para fazer a venda direta para os postos. Isso não substitui o distribuidor, apenas cria uma nova possibilidade de venda", explicou o assessor técnico da Comissão de Cana-de-Açúcar, Rogério Avellar.
Para o presidente da Federação de Plantadores de Cana-de-Açúcar do Brasil (Feplana), Alexandre Lima, ao vender diretamente para os postos, o consumidor final será o principal beneficiado. "Será um custo menor, que o consumidor sentirá no bolso na hora de abastecer e o etanol ficará mais competitivo em relação à gasolina."
Os membros da Comissão também trataram dos efeitos da greve dos caminhoneiros para o setor sucroenergético. Segundo Avellar, como a cultura da cana-de-açúcar precisa de maquinário para colheita, carregamento e transporte para as usinas e faltou diesel e outros insumos, o produtor colheu, mas as usinas não moeram.
“Como o produtor é remunerado pela qualidade da matéria-prima, com o atraso na colheita, haverá prejuízo tanto pela menor qualidade quanto pela menor oferta de cana na safra. Portanto, o fornecedor acabará recebendo menos pela sua produção e apenas quando o produtor fizer o balanço da safra, vamos saber o tamanho do prejuízo” (Assessoria de Comunicação, 14/6/18)