CNC: Balanço Semanal de 16 a 20/Maio/2022
Editorial – Por Silas Brasileiro
A Agência de Notícias Reuters, através do seu correspondente no Brasil Roberto Samora, publicou no dia 12 de maio, a manifestação de três representantes de grandes empresas, os quais fizeram colocações durante o XXIII Seminário Internacional do Café em Santos/SP, que nos leva a uma reflexão sobre o quanto o mercado é desinformado.
O primeiro, manifestou preocupações com relação à sustentabilidade e diversidade de origem. Como é notório, o Brasil é um dos poucos países cuja sustentabilidade da produção de café é, na sua totalidade, observada e cumprida. Com relação à diversidade de origem é sempre colocado como se o Brasil tivesse supremacia sobre os demais produtores, o que não é verdade, pois nosso país é o que mais investe na pesquisa, contando com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), empresas estaduais de pesquisa e universidades.
É importante ressaltar que vamos continuar investindo cada vez mais para termos maior produtividade em nossas lavouras e com menor custo de produção. Quanto ao compartilhamento de pesquisas com os demais países, acreditamos que cada um tem que tomar sua decisão, levando em consideração as características de solo, clima e o nível tecnológico de cada região, e se deve ou não investir na cafeicultura de seu país.
Com relação à mitigação da emissão de Carbono da atividade, é importante ressaltar que “há anos as pesquisas brasileiras têm buscado inserir diversas práticas de manejo agrícola que podem auxiliar na retenção do carbono, além dos sistemas agroflorestais. Por exemplo, destaca-se o sistema plantio direto, manejo de pastagens, utilização de materiais orgânicos (compostagem, bokashi, resíduos agroindustriais e biochar), plantas de cobertura, cobertura morta, manejo da fertilidade, bem como os sistemas agrícolas integrados – sistemas agroflorestais, silvo pastoris e de lavoura-pecuária-floresta, entre outros”, explica Natalia Carr, assessora técnica do Conselho Nacional do Café.
Dentro disso, é imperativo entender que os solos representam um importante reservatório de carbono, por isso, boas práticas de manejo sustentável voltadas ao sequestro e armazenamento de carbono no solo devem ser aplicadas. “As principais fontes de emissão são provenientes do uso indiscriminado de fertilizantes sintéticos nitrogenados, seguido de combustível fóssil e calagem. Práticas de conservação do solo são importantes ações capazes de mitigar as emissões de GEE da cultura do café. No Brasil, a agricultura tropical, as características do solo e outras peculiaridades estão sendo levadas em consideração para o desenvolvimento de manejos sustentáveis”, ressalta Natalia Carr.
O segundo comentário mostra que quem o fez conhece em parte como é a prática da colheita cafeeira no Brasil, que é feita de forma mecanizada ou semimecanizada, o que diminui o emprego de mão de obra. No entanto, se engana que produzir café é ter um fábrica sem teto. No Brasil é diferente, pois através dos investimentos em pesquisas foi possível desenvolver variedades resistentes às mudanças climáticas e pragas, além de aumentar a produtividade. Temos capacidade de abastecer o mercado podendo duplicar a oferta, desde que haja correspondência por parte do mercado consumidor, com preços compatíveis e que gerem renda para os produtores.
Com relação aos preços pagos pelo nosso café, cerca de 85% é transferido para nossos produtores. No entanto, os preços até hoje praticados são quase que insuficientes para cobrir os custos de produção. Há necessidade de reconhecimento por parte dos consumidores dos investimentos que são feitos para manter o cultivo do café e, nessa fase de transição, temos que considerar o elevado custo dos insumos, do pagamento para os prestadores de serviço e gratificar àqueles cuja atividade é produzir café. Então, temos que avançar mais, devemos colocá-los no princípio da renda digna.
Já o terceiro, levantou dúvidas quanto aos preços praticados na safra 2021/2022, esquecendo-se de que, além da queda de produção que teremos em 2022 – como reflexo das geadas de 2021 – os insumos, em alguns casos, triplicaram de preço. Em relação à evolução da produção de café no Brasil, também levantado pelo mesmo líder, gentileza observar o gráfico abaixo:
Gráfico 1 – Comparação entre área de produção versus produção de café ao longo dos últimos 20 anos no Brasil (Elaborado por João Paulo Paiva)
Em análise ao gráfico, nota-se que o aumento da produção é inversamente proporcional à redução da área, saindo de 31 milhões de sacas de café em 2001 para mais de 63 milhões de sacas em 2020. Ressalta-se ainda que houve uma redução de 2,17 milhões de hectares de área em produção de café em 2001 para 1,88 milhões de hectares em 2020, o que representa uma diminuição de 294 mil hectares de área cultivada. Esse resultado só foi possível ser alcançado em função do alto investimento em pesquisas que possibilitaram um aumento de produtividade de 14,36 sacas por hectare em 2001 para 33,48 sacas por hectare em 2020.
Como o Conselho Nacional do Café tem colocado, as informações e comentários que frequentemente são publicados, quase nunca correspondem com a realidade da produção de café do Brasil (Por Silas Brasileiro é presidente do Conselho Nacional do Café)
Cuidados importantes com relação a vendas futuras de café
Diante das incertezas com relação às condições climáticas dos últimos dias, temos que estar atentos quanto ao comprometimento da produção brasileira em 2022/2023. Seria prudente observar que as vendas antecipadas devem corresponder – para segurança do produtor – o limite de 30% da sua previsão de safra.
Esse alerta justifica-se por ser notório que os contratos deverão ser cumpridos para manter a credibilidade com relação à entrega dos cafés comercializados. A decisão quanto ao volume a ser negociado é, sem dúvida, de cada produtor. No entanto, o Conselho Nacional do Café (CNC) lamenta quando a produção não alcança o volume esperado e os contratos não são cumpridos, considerando a gravidade da não entrega do volume comercializado.
Café: produtor deve ter cuidado com a colheita precoce
A cultura do café tem muitas peculiaridades e uma das mais importantes diz respeito à colheita. Para se atingir bons níveis de qualidade da bebida, o produtor não deve antecipar o período de colheita antes de avaliar alguns pontos.
O primeiro deles é perceber se o grão já está maduro, o que é apontado através de sua coloração (vermelho ou amarelo, dependendo da variedade). Alto volume de frutos verdes pode machucar a planta no momento em que o café está sendo colhido. O padrão indicado por especialistas é quando a lavoura atinge cerca de 80% de maturação.
O segundo está ligado às entrelinhas do café. Antes de colher, elas devem receber manejo adequado, devendo o produtor preparar o ambiente para receber o maquinário.
Caso a colheita seja feita de maneira precoce, a qualidade da bebida será prejudicada. A alta incidência de café verde modifica as características sensoriais, dando à bebida um sabor diferente do que poderia alcançar caso tivesse sido colhida no tempo correto.
Um dos principais motivos da colheita precoce é o fato do produtor ficar com medo de que o fruto passe do ponto e, assim, ele perca um volume considerável da produção. Porém, isso ocorre por falta de conhecimento.
O Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) oferece linha de financiamento específica para a colheita. O produtor pode buscar o seu banco de relacionamento ou sua cooperativa de crédito para acessar a linha e ter melhores condições na hora de colher sua produção.
CNC recebe visita do Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Coopacredi
Celio de Castro esteve em Brasília e prestou homenagem a Silas Brasileiro, Presidente do Conselho Nacional do Café
O Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Coopacredi, Celio Machado de Castro, esteve na quarta-feira (12/05) em Brasília/DF, oportunidade em que prestou homenagem ao Presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, com uma placa em reconhecimento ao trabalho em prol da cafeicultura nacional.
A placa tem os seguintes dizeres:
“AMIGO SILAS BRASILEIRO,
O Sicoob Coopacredi agradece imensamente todo o tempo e atenção dedicados à cafeicultura e à Região do Cerrado Mineiro. Reconhecemos e aplaudimos esse belo e histórico trabalho!
Seu apoio no crédito rural é essencial para que que possamos impactar um número cada vez maior de pessoas e de uma forma cada vez mais significativa, além de promover a economia local. Que continuemos juntos a empoderar as atuais e futuras gerações da cafeicultura do nosso país
Patrocínio, 12 de Maio de 2022.
Celio Machado de Castro – Presidente do Conselho de Administração
Sicoob Coopacredi”.
Para Celio de Castro, a aproximação entre as duas instituições é muito importante. Também ressaltou que é preciso reconhecer o trabalho de Brasileiro em prol dos cafeicultores, em especial, na busca pelos recursos do crédito agrícola. “O Funcafé é fundamental no atendimento aos nossos cooperados produtores de café que recebem de nós um carinho especial, dada sua relevância não só para o segmento, mas para nossa economia como um todo. Como Silas Brasileiro é um batalhador pelas causas da cafeicultura, nada mais justo que agradecê-lo por essa luta que é positiva para todos nós”, diz.
“Nos sentimos honrados com a visita do presidente Célio de Castro, que há 29 anos trabalha para que o Sicoob Coopacredi seja cada vez mais o grande elo entre o produtor e o crédito rural. Essa homenagem prestada a mim é, na verdade, extensiva a todos os nossos Conselheiros, nossas cooperativas e associações, àqueles que, de alguma forma, são vinculadas ao CNC”, destacou Silas Brasileiro.
O mercado futuro de café arábica encerra a semana na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) em parcial recuperação. Após queda de mais de 4% na quarta-feira (18/05), o vencimento julho/22, o mais negociado, subiu cerca 590 pontos na semana, encerrando ontem (19) a 218,80 centavos de dólar por libra-peso. Na ICE Europe, o vencimento maio/22 do café teve alta de US$ 38,00, fechando a sessão de ontem (19) a US$ 2.070,00 por tonelada.
O dólar à vista apresentou leve queda ontem (19). A moeda fechou cotada a R$ 4,9168, em baixa de 1,32%. Na semana, o dólar apresenta desvalorização de 2,78%. Segundo corretores, o enfraquecimento da moeda americana no exterior foi acompanhada pelo câmbio.
Sobre a meteorologia, em palestra realizada ao Conselho Nacional do Café (CNC), na última quarta-feira (18), o professor Luiz Carlos Molion disse que “não vê grandes problemas com relação a falta de chuvas, mas chama a atenção para a entrada de pelo menos três massas de ar polar de maior risco: final de maio (de 25 a 30), início de junho (de 4 a 9), sendo a mais severa delas no final de julho (de 23 a 28)”. No entanto, na manhã desta sexta-feira (20), aconteceram geadas leves em algumas regiões produtoras.
No mercado físico, os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informaram que as cotações domésticas do café arábica e do robusta caíram ontem (19). Segundo os pesquisadores, o movimento do mercado repercutiu a desvalorização do dólar. Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e robusta se situaram em R$ 1.259,53 por saca e R$ 747,47 por saca, com variação semanal negativa de 0,02% e 0,68%, respectivamente (Assessoria de Comunicação, 20/5/22)