CNC: Balanço Semanal de 18 a 22/1/2021
Conab estima safra 2021 entre 43,9 e 49,6 milhões de sacas
Projeção representa quebra de até 30,5% ante 2020 e reflete impactos da bienalidade, da estiagem e das altas temperaturas.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou, ontem, a safra 2021 de café do Brasil entre 43,9 milhões e 49,6 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde a uma quebra de 30,5% a 21,4% em relação à temporada anterior, que foi recorde de 63,1 milhões de sacas.
O Conselho Nacional do Café (CNC) esteve em contato constante com a estatal ao longo do levantamento e da apuração dos números e entende que a estimativa apresenta a realidade do cinturão cafeeiro do Brasil.
“A queda projetada pela Conab vem ao encontro do ciclo de baixa na bienalidade do café arábica e reflete o impacto da estiagem e das altas temperaturas que assolaram os cafezais, principalmente entre agosto e outubro do ano passado”, comenta Silas Brasileiro, presidente do CNC.
SEM ESCASSEZ DE CAFÉ
O dirigente da entidade que representa cafeicultores e cooperativas de produção no Brasil relata que, apesar de uma colheita menor, o País não deixará de honrar seus compromissos.
“A safra a ser colhida somada aos nossos estoques de passagem permitirão que permaneçamos como principais exportadores mundiais de café e que também abasteçamos nosso mercado interno, compromissos que absorvem, em média, cerca de 60 milhões de sacas ao ano atualmente. E esse volume teremos à disposição com a colheita e o produto armazenado”, calcula.
IMPORTÂNCIA DO FUNCAFÉ
Conforme ele, a partir dos números apresentados pela Conab, o CNC estreitará contato com a Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o governo federal para dar celeridade e monitorar as solicitações dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) voltados para Recuperação de Cafezais Danificados.
Essa linha de financiamento teve seu orçamento elevado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), conforme orientação do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), de R$ 10 milhões para R$ 160 milhões no ano passado, exatamente para os produtores poderem refazer seus cafezais impactados pelas adversidades climáticas.
Brasileiro também destaca a importância do Fundo em uma safra como a que se desenha para 2021. “Num ciclo de baixa como o atual, os recursos do Funcafé são fundamentais, principalmente para que os produtores afetados possam realizar os tratos e recuperar seus cafezais, bem como para financiar a estocagem do produto, com os juros mais baixos da história, e poder colocá-los no mercado nos momentos mais adequados”, explica.
O trabalho intransigente de defesa do Funcafé que o Conselho realiza, completa o presidente, justifica-se em momentos como o atual. “A finalidade principal do nosso Fundo é possibilitar a geração de renda ao cafeicultor, por isso o CNC atua com compromisso e responsabilidade quando o assunto é o Funcafé, cujos recursos precisam ser preservados para ajudar produtores em situações adversas, como essa ocasionada pelo clima”, argumenta.
Ele recorda que os cafeicultores, que tiveram suas lavouras impactadas e desejam tomar o capital do Fundo para financiar a recuperação dos cafezais, devem iniciar o levantamento para lavrarem um laudo técnico da situação, já que essa é uma condição imposta pelo Manual de Crédito Rural e que também foi acordada entre cadeia produtiva e governo dentro do CDPC.
Mercado internacional passou por ajustes técnicos, mas os fundamentos seguem positivos, com menor oferta do Brasil.
Os contratos futuros do café tiveram leve desvalorização semanal nos mercados internacionais, com o movimento sendo puxado por ajustes técnicos. Os fundamentos, contudo, seguem altistas, o que limita as perdas e sinaliza que os preços podem se recuperar.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento março/21 recuou 170 pontos no intervalo, encerrando o pregão de quinta-feira (21) a US$ 1,2645 por libra-peso. Na ICE Europe, o contrato março/21 do café robusta fechou a US$ 1.323 por tonelada, com queda de US$ 30 na semana.
Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou que a safra 2021 do Brasil pode ter quebra de 21,4% a 30,5% ante 2020, com a produção brasileira ficando entre 43,9 milhões e 49,6 milhões de sacas de 60 kg.
Conforme a estatal, esse resultado reflete, além do ciclo de baixa na bienalidade do arábica, o impacto que a estiagem e as altas temperaturas tiveram no cinturão produtor entre agosto e outubro do ano passado.
Sobre o clima, a Somar Meteorologia alerta que permanece a condição para fortes precipitações e temporais no Estado de São Paulo nesse fim de semana. Pode chover, mas de forma fraca e isolada, nas áreas da divisa paulista com o Rio de Janeiro e no norte do Espírito Santo. Para o restante da Região Sudeste, a previsão é de tempo firme.
O dólar comercial teve desempenho positivo, também contribuindo para pressionar as soft commodities, como o café. No Brasil, o real foi pressionado pela intensificação de temores relacionados à falta de ajuste fiscal depois que os candidatos apoiados pelo governo às presidências da Câmara e do Senado declararam apoio ao auxílio emergencial, ainda que o fato viole o teto de gastos. A moeda norte-americana fechou em R$ 5,3641, avançando 1,1% na semana.
No mercado físico, as cotações tiveram pouca oscilação, mas a variedade arábica segue alcançando níveis recordes ao receber impulso da retração vendedora, uma vez que um alto percentual de produtores realizou a comercialização de forma antecipada, e da quebra na safra 2021 do Brasil.
O indicador calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para o arábica subiu 0,35% na semana e fechou a quinta-feira em R$ 654,24/saca, seu novo recorde nominal na série, que teve início em 1996. O do conilon permaneceu praticamente estável em R$ 416,18/saca (Assessoria de Comunicação, 22/1/21)