15/02/2021

CNC: Balanço Semanal de 8 a 12/2/2021

Café: produtores precisam avaliar lavouras para não comprometerem entrega futura

Cafeicultores precisam estar atentos à realidade produtiva para cumprirem contratos e manterem a credibilidade do Brasil como fornecedor.

A capacitação do produtor é algo crescente e fundamental que vem ocorrendo nos últimos anos, fomentando a capacidade de ele ampliar suas margens, através, entre outras possibilidades, de realizar negócios no mercado futuro do café. Nesse cenário, as cooperativas exercem papel fundamental, gerando a qualificação necessária e contribuindo nos processos comerciais.

Para Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC) – entidade que representa as principais cooperativas cafeeiras do país –, a safra 2020 é um exemplo que serve como base para os negócios futuros.

“Com mais de 80% comercializados, a preços remuneradores, superiores a R$ 600 a saca em muitos casos, os cafeicultores, agora, estão afastados do mercado, pois já têm noção da quebra que terão na colheita deste ano. Dessa forma, remunerados, administram o residual do ciclo passado para comercializarem em melhores oportunidades, por valores que desejam e não pelos oferecidos atualmente”, explica.

Para o futuro, entretanto, o dirigente pondera que os produtores precisam se atentar para a necessidade de uma avaliação segura do limite de sua produção.

“Sabemos de negócios que vêm sendo ‘travados’ para os ciclos 2022 e 2023, mas recomendamos muita precaução, principalmente em relação às condições climáticas. É necessário que os cafeicultores tenham ciência da realidade de suas lavouras para que possam confirmar, em volume e qualidade, a entrega dessas vendas futuras”, comenta.

O presidente do CNC justifica o alerta porque a capacitação dos produtores nacionais tornou o Brasil um provedor com credibilidade, entregando cafés sustentáveis e com elevada qualidade.

Segundo ele, essa postura fez com que o país fidelizasse seus clientes e o cooperativismo foi fundamental para isso, principalmente quando se pensa no mercado externo.

“Dessa maneira, é essencial que tenhamos noção de nossas realidades produtivas, sabendo o que poderemos entregar para honrar os compromissos previamente assumidos, não transmitindo a responsabilidade a nossas cooperativas, que são o que temos de melhor em nossa atividade”, conclui.

Demanda desacelerada pressiona futuros do café

Mercado acumulou leve queda com pressão do arrefecimento na demanda; aumento de estoques na ICE US e dólar também pesaram

Os contratos futuros do café recuaram no balanço semanal dos mercados internacionais. Em Nova York, o arábica acumula quatro fechamentos negativos subsequentes, mas as cotações seguem acima de US$ 1,20 por libra-peso. A queda foi motivada pelo arrefecimento da demanda, pelo aumento dos estoques na bolsa norte-americana e pelo fortalecimento do dólar.

Na outra ponta, analistas indicam que a desvalorização não é maior em função da perspectiva de oferta global reduzida neste ano, como consequência de problemas climáticos ocorridos em importantes origens, como Brasil (estiagem e altas temperaturas), Vietnã (tufões) e países da América Central (furacões).

No fechamento de ontem da Bolsa de NY, o vencimento mar/21 ficou cotado a US$ 1,2120 por libra-peso, acumulando perdas de 330 pontos na comparação com a sexta-feira da semana passada. Na ICE Europe, o vencimento mar/21 do café robusta teve leve depreciação de US$ 2 no período, negociado a US$ 1.338 por tonelada.

O dólar comercial se valorizou ante o real na semana. A moeda foi puxada pelas preocupações do mercado em relação à situação fiscal no Brasil, diante da falta de detalhamento, por parte do governo federal, sobre como bancará a prorrogação do auxílio emergencial. Ontem, a divisa fechou a R$ 5,3883, avançando 0,1%.

Em relação ao clima, a Somar Meteorologia informa que continuará chovendo, amanhã, na maior parte do Sudeste do país. A previsão é de temperaturas amenas, muita nebulosidade e precipitações a qualquer momento no sul e no noroeste de Minas Gerais e nas faixas leste e sul de São Paulo. O tempo fica aberto no norte mineiro e do Espírito Santo, ao passo que as demais áreas da Região receberão pancadas isoladas de chuva.

No mercado físico, a retração dos vendedores mantém bastante baixa a liquidez. No acumulado da semana, os indicadores dos cafés arábica e conilon calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) se situaram em R$ 659,55/saca e R$ 422,18, respectivamente com perdas de 1,4% e 0,6% (Assessoria de Comunicação, 12/2/21)