25/03/2025

CNI lidera comitiva ao Japão, defenderá cooperação em sustentabilidade

CNI lidera comitiva ao Japão, defenderá cooperação em sustentabilidade

Missão faz parte da agenda oficial da visita do presidente Lula ao país. Entre as empresas do Brasil que estarão representadas estão a Vale, JBS, BRF, Embraer e Raizen.

 

Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai liderar uma comitiva com cerca de 80 empresas brasileiras ao Japão para acompanhar a visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país. O grupo participa de agendas oficiais e do Fórum Econômico Brasil-Japão, marcado para esta quarta-feira (26), em Tóquio, com a presença de Lula e do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.

 

O principal objetivo da missão é o fortalecimento das relações comerciais. A CNI e a Kendaren, maior entidade de representação da indústria japonesa, vão apresentar uma declaração conjunta pedindo aos chefes de Estado a negociação de um acordo Mercosul-Japão, que reforce a complementariedade das economias e amplie o fluxo comercial.

 

“Temos uma relação de 130 anos com o Japão e, neste momento de incertezas, é fundamental abrirmos mais frentes para nos aproximarmos dos parceiros. O acordo traria muitas vantagens aos dois países”, afirma Ricardo Alban, presidente da CNI.

 

Na ocasião, a CNI será representada por seu vice-presidente Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A delegação é composta por CEOs e diretores de algumas das maiores empresas brasileiras, entre elas: ValeEmbraerJBSBRFRaizen e Banco do Brasil.

 

Os painéis do Fórum Brasil-Japão que antecederão as falas dos chefes de Estado se concentrarão em descarbonização, energia e oportunidades de cooperação entre os países na agenda de desenvolvimento sustentável.

 

Japão é o nono maior investidor externo do Brasil

 

Dados da CNI mostram que os investimentos japoneses no Brasil aumentaram 31,6% entre 2014 e 2023, com um estoque de US$ 35,2 bilhões em 2023, colocando o Japão em nono lugar entre os maiores investidores estrangeiros no país. O comércio bilateral cresceu 13,3% na última década, com quase US$ 53 bilhões exportados pelo Brasil, puxados pelo aumento da participação da indústria de transformação, sobretudo alimentos. Já o Japão vendeu principalmente veículos e eletrônicos ao Brasil.

 

No entanto, quando se examina o perfil de todo o investimento externo feito no Brasil, a participação dos japoneses encolheu de 5,2% do total investido no Brasil em 2014 para 3,4%, em 2023.

 

Indústria ampliou pauta exportadora

 

A indústria de transformação é relevante no comércio bilateral entre Brasil e Japão. O setor representou, em média, 51,1% das exportações brasileiras para o país asiático entre 2015 e 2024, com aumento de vendas em produtos de carne, farelos de soja, alumínio e ferro-gusa. A expansão da participação da indústria, no entanto, não se deu em vendas de bens de alta e média-alta intensidade tecnológica, representando apenas 9,4%, com predominância de químicos e farmacêutica, do que foi exportado aos Japoneses em 2024.

 

Já as vendas do Japão ao Brasil são, praticamente, 100% concentradas em bens da indústria de transformação, sendo que mais de 80% têm alta complexidade tecnológica, como veículos, máquinas e equipamentos e produtos químicos e farmacêuticos.

 

Produto brasileiro enfrenta tarifas para acessar mercado japonês

 

Na avaliação da CNI, apesar de histórica e contínua, a relação bilateral precisa ganhar dinamismo. A participação do Brasil nas importações japonesas manteve-se estável na última década, com aumento de 0,1% ponto percentual na comparação entre 2015 e 2024. Na última década, o Brasil foi somente o 17º fornecedor externo do Japão, sendo o primeiro da América Latina.

 

Há boas frentes para 286 produtos da indústria de transformação nacional, como mostra o Mapa de Oportunidades para as Exportações Brasileiras, elaborado pela Apex-Brasil. Segundo o mapeamento, os setores industriais com boas oportunidades de fazer negócios com o Japão são alimentos (41,6%), químicos (24,8%) e metalurgia (8,7%). No entanto, quase metade dos produtos (47,9%) é submetida a tarifas de importação para acessar o mercado japonês (Assessoria de Comunicação, 24/3/25)