Colheita de soja está atrasada; plantio de milho 2ª safra alcança 0,8%
A colheita de soja da safra 2017/18 no Brasil avançou 0,7 ponto percentual em uma semana e alcançou 0,8 por cento da área total na quinta-feira (18), disse nesta sexta-feira a AgRural, destacando o atraso nos trabalhos de campo na comparação com temporadas anteriores.
Plantação em,Barreiras, Bahia 19/3/2017 REUTERS/Roberto Samora
Há um ano, a colheita do ciclo 2016/17 atingia 2,2 por cento do total, enquanto na média das últimas cinco safras, 1,2 por cento, afirmou a consultoria.
De acordo com a AgRural, os trabalhos começaram apenas em Rondônia e Mato Grosso, principal produtor nacional e onde a colheita atingia 2,8 por cento da área na quinta-feira, também abaixo tanto do observado há um ano (7,5 por cento) quanto na média recente (3,9 por cento).
O atraso na colheita reflete tanto o atraso no plantio, em razão da estiagem entre setembro e outubro, quanto chuvas em excesso recentemente, mas produtores ouvidos pelo Rally da Safra ainda apontam boas produtividades apesar dessas condições climáticas.
“Em Mato Grosso do Sul e Goiás, onde já havia colheita nesse mesmo período do ano passado, os trabalhos devem engrenar somente em fevereiro, devido ao plantio mais tardio. O mesmo vale para o Paraná, que... ainda teve alongamento do ciclo de parte das lavouras devido à falta de luminosidade e às temperaturas mais baixas que marcaram boa parte desta safra”, destacou a AgRural.
“Mas, apesar da colheita mais tardia, a expectativa é de altas produtividades no Paraná e nos Estados do Centro-Oeste”, acrescentou a consultoria.
A AgRural espera uma colheita de 114 milhões de toneladas de soja neste ano no Brasil, bem perto do recorde registrado no ano passado.
Cerca de 6,5 milhões de toneladas de soja sairão das lavouras brasileiras até o fim de janeiro --a maior parte de Mato Grosso, que deve colher 5,6 milhões de toneladas, disse a AgRural.
MILHO
Em relação ao milho de primeira safra, o “verão”, a colheita no centro-sul chega a 1 por cento da área, atrasada em relação aos 2 por cento da média de cinco anos, mas à frente do 0,5 por cento do ano passado.
“As chuvas previstas para o Rio Grande do Sul devem dificultar a colheita nos próximos dias, mas são bem-vindas para a produtividade de áreas mais tardias”, disse a consultoria.
Em relação ao milho de segunda safra, o “safrinha”, colhido no inverno, a AgRural disse que o plantio no centro-sul do país totalizava 0,8 por cento da área prevista até quinta-feira, ante 2,8 por cento há um ano e 1,1 por cento na média de cinco anos (Reuters, 19/1/18)
Colheita de soja no Brasil começa bem e safra pode ter recorde
Os rendimentos e a produção de soja no Brasil neste ano podem se igualar ou mesmo superar os níveis do ano passado, apesar de uma seca que atrasou o plantio e de fortes chuvas que interrompem a colheita em algumas partes de Mato Grosso, principal produtor de grãos do país.
Com o desenvolvimento da soja precoce melhor do que alguns produtores previam para o médio-norte do Estado, os dados de campo coletados nesta semana indicam “um viés de alta” para os rendimentos e a produção, disse nesta sexta-feira o agrônomo Fabio Meneghin, sócio da consultoria Agroconsult, que organiza a expedição agrícola Rally da Safra.
O Mato Grosso é geralmente o primeiro Estado a iniciar a colheita de soja no Brasil e deve produzir mais de 30 milhões de toneladas da commodity nesta temporada, mais de um quarto da produção total prevista para o país.
As lavouras estão em condições semelhantes ou melhores do que as do ano passado, afirmou João Leite, que cultiva 13,4 mil hectares de soja em Nova Mutum. Embora uma estiagem tenha dificultado o plantio no início da temporada, os rendimentos médios deverão aumentar para 53 sacas por hectare, de 51,5 sacas no ciclo anterior, disse ele.
Ainda assim, outros produtores da região não devem obter resultados semelhantes, disse Leite, citando as condições climáticas extremamente secas durante a segunda metade de setembro, o período ideal para se iniciar a semeadura.
“Mesmo com as chuvas potencialmente criando dificuldades durante a colheita, não esperamos nenhuma perda de safra”, disse Evandro Lermen, diretor-presidente da Coacen, uma cooperativa agrícola que agrupa 43 famílias em Sorriso, maior município produtor de soja do Brasil.
Ainda no oeste de Mato Grosso, prolongados períodos de chuva - até 12 dias ininterruptos em janeiro - “avariaram” algumas plantações, afirmou o gerente agrícola Evandro Dal Bem aos analistas do Rally da Safra, sem elaborar.
A Agroconsult prevê que o Brasil colherá 114,1 milhões de toneladas de oleaginosa neste ano, em linha com o recorde histórico da última temporada, que foi beneficiada por um clima considerado “perfeito”.
Antes da expedição agrícola, a consultoria estimou que os rendimentos atingiriam média de 54 sacas por hectare no país, o segundo maior nível na história após as 56 sacas em 2017. Para Mato Grosso, os rendimentos médios são estimados em 54,5 sacas.
Alexsander Gheno, que cultiva 2.100 hectares de soja, antecipa uma “queda de braço” com as tradings em meio a outra safra volumosa. Ele disse que os rendimentos e a produção tendem a crescer nesta temporada, mas a rentabilidade dos agricultores não seguirá o mesmo caminho.
Com base nos dados da colheita recém iniciada, Gheno calcula que os rendimentos médios em sua propriedade aumentarão para 67 sacas por hectare, de 64 sacas na última temporada (Reuters, 19/1/18)