16/09/2021

Com atraso, segunda maior térmica do país entra em operação nesta quinta

Com atraso, segunda maior térmica do país entra em operação nesta quinta

SECA HIDROELETRICA AGUA VERMELHA Eduardo Anizelli Folhapress

Legenda: Nível de água baixo no lago da hidrelétrica Água Vermelha, em Iturama, interior do estado de Minas Gerais. Eduardo Anizelli/Folhapress

 Usina no Norte Fluminense vai reforçar setor elétrico no período mais crítico da crise hídrica.

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou o início das operações, a partir desta quinta-feira (16), da usina termelétrica GNA 1, a segunda maior do país, mais um reforço para o setor elétrico em meio ao período mais crítico da crise hídrica.

Com custo de geração de R$ 552 por MWh (megawatt-hora), a térmica vai acrescentar 1.338 MW ao sistema, que precisava de 5,5 mil MW para garantir o abastecimento até o início das chuvas, segundo as últimas projeções do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

"A entrada dessa usina será muito benéfica para o setor, especialmente na atual conjuntura. A energia será injetada no sistema na região sudeste, a mais castigada com a estiagem dos reservatórios", disse, em nota, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone.

 A energia gerada pela térmica é capaz de abastecer 4 milhões de habitantes. Por estar na região Sudeste, corre menos risco de ter a capacidade de entrega impactada por gargalos no sistema de transmissão de energia do país.

A térmica tinha início de operações previsto para o primeiro semestre, mas teve que esticar o cronograma devido a problemas durante a fase de implantação e comissionamento dos equipamentos.

O projeto é controlado pela Prumo, dona do Porto do Açu, pela petroleira BP e pela fabricante de equipamentos elétricos Siemens. A princípio, operará com gás importado em navios, mas o plano é conectar um gasoduto do pré-sal ao porto para abastecer a usina.

Contratada em leilão de energia de 2017, a GNA 1 tem um custo de produção menor do que as térmicas contratadas de forma emergencial pelo governo para enfrentar a crise hídrica. Mas ainda assim, a tendência é que opere a plena carga nos próximos meses, pressionando ainda mais a conta de luz.

Seus investidores têm outra térmica em construção no porto, a GNA 2, com potência de 1.672 MW, com previsão de início das operações em 2024. Neste momento, diz a Aneel, o Porto do Açu se tornará o maior complexo termelétrico do país.

O início das operações da GNA 1 é comemorado pelo governo como mais uma medida para enfrentar a seca sobre os reservatórios das hidrelétricas do Centro-Sul e minimizar os riscos de apagões antes que as chuvas de verão comecem a cair.

No sábado (11), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, esteve no norte de Minas Gerais para cerimônia de início de operações de uma linha de transmissão que amplia em 25% a capacidade de exportação de energia do Nordeste para o resto do país.

Com capacidade para transportar 1,3 mil MW, esse projeto permitira um melhor aproveitamento do parque gerador nordestino, que se desenvolveu de forma acelerada nos últimos anos com a construção de parques eólicos e solares.

 No evento, Albuquerque voltou a dizer que, com as medidas já adotadas pelo governo, o risco de racionamento de energia em 2021 está descartado. O governo, porém, começa a olhar com preocupação para 2022 e já aprovou a contratação emergencial de térmicas por mais cinco anos.

A contratação é justificada por avaliação do ONS e da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) sobre o cenário após as chuvas de verão. O país entrará o ano com os reservatórios em níveis muito baixos e, para não passar sufoco, precisa ampliar a capacidade de geração.

Nesta terça (14), os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste estavam com 18,38% de sua capacidade de armazenamento de energia. A previsão do ONS é que, com as medidas de reforço na oferta e contenção da demanda, cheguem a novembro em 11,3%.

O lago de Ilha Solteira, maior hidrelétrica da bacia do Rio Paraná, atingiu o limite mínimo para operação da hidrovia Tietê-Paraná, estipulado em 323 metros acima do nível do mar, o que não ocorria desde a seca de 2014/2015, quando o transporte foi totalmente paralisado na rota.

Em condições normais, diz o ONS, a geração de energia na usina seria comprometida, mas essa restrição foi flexibilizada e o operador pode levar o nível até 314 metros. Considerando este limite, diz a operadora da usina, a CTG (China Three Gorges), o reservatório ainda está com 56% de sua capacidade de armazenamento de energia (Folha de S.Paulo, 16/9/21)