01/02/2024

Com clima e preços desfavoráveis, CNA pede medidas do governo

Com clima e preços desfavoráveis, CNA pede medidas do governo

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Para entidade, apesar da quebra de safra, preço não reage e produtor perde margem.

Clima e mudanças no cenário mundial levaram a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) a solicitar uma série de pedidos ao ministro Carlos Fávaro nesta quarta-feira (31).

Do lado do clima, os efeitos do El Niño trouxeram perdas tanto por excesso de chuva em algumas regiões como por seca em outras. Do lado do mercado, as commodities mantêm uma tendência de queda devido a uma produção mundial robusta.

A demanda perdeu ritmo, principalmente por parte da China, e os estoques mundiais estão sendo recompostos. A quebra da safra no Brasil não consegue interferir nos preços internacionais, devido ao aumento de produção em outros países.

Os números de quebra no Brasil, ainda estimativas, são fortes. No caso da soja, a consultoria Agroconsult previa um potencial produtivo inicial de até 169 milhões de toneladas para a safra 2023/24. Esses números estão sendo revistos, e a Datagro já estima apenas 148,6 milhões.

Os preços mantêm queda e só serão influenciados por eventuais quebras no Rio Grande do Sul e na Argentina, regiões que prometem boa recuperação de produção neste ano.

Segundo a CNA, a soja está sendo comercializada com um recuo de 27% nos preços deste mês, em relação a igual período do ano passado, O milho acumula retração de 22% no mesmo período.

O novo cenário no setor agrícola faz com que o produtor perca renda e tenha dificuldades para assumir compromissos financeiros previamente contratados, segundo a CNA.

Por isso, a entidade levou ao ministro Fávaro um pedido de prorrogação das operações de crédito por pelo menos 12 meses, mantendo as mesmas regras do contrato inicial.

A entidade quer também uma renegociação das operações de crédito rural vencidas e uma antecipação das linhas de pré-custeio.

A CNA quer, ainda, uma implementação dos instrumentos de apoio à comercialização, atualizando preços mínimos, instaurando Pepro e PEP e uma retomada de AGFs (Aquisição do Governo Federal).

A confederação sugere um fortalecimento de programas de vendas em balcão, principalmente na aquisição de milho por pequenos e médios produtores.

O último item das demandas enviadas ao governo destaca a necessidade da ampliação do PGPAF (Programa de Garantia de Preço para a Agricultura Familiar).

Com a aproximação das discussões do novo Plano Safra de 2024/25, a entidade quer iniciar um diálogo para garantias de política agrícola e ampliação do programa de subvenção ao prêmio de seguro rural, principalmente porque as condições climáticas ficam cada vez mais instáveis.

O documento entregue ao ministro Fávaro foi assinado pelo presidente da CNA, João Martins da Silva Junior, mas entregue pelo vice-presidente, José Mário Schreiner.

Após um período de preços elevados e de boas margens de ganho, o setor espera para os próximos dias um anúncio de medidas protetivas por parte do governo, devido ao cenário desfavorável que se apresenta para este ano (Folha, 1/2/24)


Medidas necessárias para contornar efeitos do clima serão atendidas pelo governo

 José Mario Schreiner Foto Fredox Carvalho Divulgação

 

O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mario Schreiner, disse acreditar que medidas emergenciais para minimizar os efeitos do clima adverso no setor produtivo serão adotadas pelo governo.

 

"O setor sempre foi muito ouvido pelo governo. A CNA apresentou propostas ao Plano Safra vigente e praticamente todas foram acolhidas, inclusive com algumas linhas maiores que o sugerido", disse Schreiner, ao deixar o Ministério da Agricultura.

 

"Com certeza, essas medidas que serão necessárias para debelar os efeitos negativos do clima serão atendidas pelo governo", afirmou. Ele se reuniu com o ministro, Carlos Fávaro, e apresentou o pedido da CNA de seis medidas emergenciais de apoio aos produtores rurais afetados pelo fenômeno climático El Niño.

Segundo Schreiner, Fávaro foi solícito às reivindicações do setor. "Já existe discussão com BNDES sobre financiamento, mas outras medidas que surgirem devem ser necessárias para no momento adequado serem anunciadas. São soluções que não são criadas de um momento para outro, mas, quando antecipamos os fatos e trouxemos preocupação ao Ministério em relação à safra, isso gera discussão interna e com certeza uma solução no curto e no médio prazo", afirmou.

O vice-presidente da CNA relatou que a entidade destacou os efeitos do El Niño na produção agropecuária brasileira, com excesso de chuva em algumas regiões e seca em outras. "Isso nos traz grande preocupação de que a quebra de safra pode trazer dificuldades ao produtor do Brasil. Não é generalizada, mas existem algumas regiões onde a possibilidade de perdas é muito grande", destacou Schreiner. Entre os pedidos, estão a prorrogação de financiamentos rurais, a renegociação de débitos vencidos de produtores com quebra substancial na safra e a antecipação do pré-custeio, além da discussão antecipada do Plano Safra 2024/25.

No âmbito da comercialização, a CNA demandou ao Ministério o alinhamento do preço mínimo dos produtos agropecuários. "Alguns produtos estão com preço mínimo defasado em relação ao custo que foram plantados. Buscamos esse alinhamento e construção de políticas públicas, como aquisição pelo governo federal (AGF), venda em balcão, de milho para Norte e Nordeste alimentarem animais", acrescentou.

O ofício completo entregue pela CNA ao Ministério contempla seis medidas gerais divididas nos eixos de ações ao crédito rural e instrumentos de política agrícola de apoio à comercialização (Broadcast, 31/1/24)