Com Lula sob vaias, governo aposta em ‘pacote INSS’ de Motta

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República. Foto: Wilton Junior/Estadão
Sondagens internas do Planalto mostram que, após escândalo do INSS, avaliação negativa do governo voltou a piorar nos últimos dias.
Lideranças governistas no Congresso apostam todas as fichas no “pacote do INSS” anunciado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tentar estancar a sangria na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, que pretende concorrer à reeleição em 2026, vem sofrendo um desgaste atrás do outro desde o início do ano, e nesta terça-feira, 20, foi alvo novamente de vaias em evento com prefeitos.
Sondagens internas do Planalto mostram que, após escândalo do roubo dos aposentados e pensionistas, a avaliação negativa do governo voltou a piorar. Agora, a base aguarda, com certo grau de tensão, as pesquisas públicas.
Enquanto isso, pressiona pela rápida aprovação de projetos de lei, apresentados nas últimas semanas, para vedar descontos automáticos de sindicatos e associações na folha de pagamento de aposentados e pensionistas. Embora a medida seja inócua em relação ao que já foi debitado, a ideia é passar a imagem de que as ilegalidades não voltarão a ocorrer.
Motta decidiu bancar a análise das propostas, que se tornaram o principal assunto da reunião do Colégio de Líderes da Casa nesta terça-feira, 20. O governo apela à base para encerrar o assunto o mais rapidamente possível para que o Congresso foque em pautas positivas para o Planalto, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e a PEC da Segurança Pública. A votação dos projetos também serviria como mais um argumento para tentar evitar a CPMI do INSS.
Como mostrou a Coluna do Estadão, embora ainda tente convencer o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a enterrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS, o governo vê que a instalação será inevitável e escala aliados “bons de briga” para fazer a defesa de Lula e jogar a culpa na gestão Bolsonaro. Mas, se tiverem mesmo de enfrentar a CPMI, os petistas preferem que seja depois da aprovação de projetos e da devolução do dinheiro dos aposentados (Estadão, 21/5/25)