08/01/2018

Commodities de exportação em ritmo de queda

Commodities de exportação em ritmo de queda

 

Ofertas globais mais do que suficientes para atender às demandas farão com que os preços das principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil encerrem o ano em patamares mais baixos que no fim de 2016 no mercado internacional. E, no que depender das atuais estimativas para produções e consumos, a pressão sobre açúcar, café, suco de laranja, soja e milho deverá perdurar em 2018, embora o espaço para quedas expressivas seja limitado. A exceção é o algodão, cujos fundamentos sugerem que as cotações poderão encontrar maior sustentação ao menos nos próximos meses.

 

As maiores quedas de 2017 são observadas nos mercados de suco de laranja, açúcar e café, "soft commodities" referenciadas na bolsa de Nova York. As três, cujas exportações mundiais são lideradas pelo Brasil, registraram fortes altas no ano passado em virtude de problemas climáticos no Centro-Sul do país, mas começaram a perder suporte já no primeiro semestre, com a normalização das colheitas na região e vão iniciar o Ano Novo com viés descendente e à espera do comportamento do clima na temporada 2018/19.

 

Cálculos do Valor Data com base nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) negociados na bolsa de Nova York mostram que o suco encerra dezembro com baixa de 8,98% em relação a novembro e de 26,94% na comparação com dezembro de 2016 (o balanço foi fechado ontem, dia 28). No caso do açúcar, as quedas são de 4,5% e 22,77%, respectivamente, e no do café de 3,83% e 12,69%. O valor médio anual dos papéis do suco encerra 2017 com recuo de 9,8% sobre 2016, enquanto o do açúcar cai 12,14% na comparação e o do café, 2,27%.

 

O algodão, cujos preços permaneceram deprimidos em 2015 e 2016 por conta, em boa medida, da concorrência com fibras sintéticas, vai na contramão e reage em 2017. Isso por causa da perda de competitividade das "rivais", fabricadas a partir de derivados do petróleo, cujas cotações subiram. Em Nova York, os papéis de segunda posição de entrega do algodão encerram dezembro com valor médio 7,75% superior ao de novembro e 6,18% maior que o de dezembro do ano passado. Já a cotação média em 2017 registra alta de 10,77% em relação ao resultado de 2016 e alcança o maior patamar desde 2014.

 

Mas essa escalada, de acordo com analistas, tem prazo para ser interrompida, já que em diversos países o plantio aumentou nesta safra 2017/18. No Brasil, onde a semeadura vai começar no início do ano que vem, a expectativa é de crescimento considerável, quase todo ele destinado ao mercado externo. Nesse contexto, diversas consultorias projetam curvas descendentes para os preços internacionais ao longo do primeiro semestre, com a ressalva de que a alta do petróleo poderá amenizá-la.

 

Se no mercado nova-iorquino as valorizações de dois dígitos das "soft commodities" exportadas pelo Brasil em 2016 abriram espaço para tombos de proporções semelhantes este ano, na bolsa de Chicago, onde são negociados os contratos futuros dos principais grãos, as variações observadas agora são menores. Conforme o Valor Data, a média dos contratos de segunda posição da soja chega ao fim de dezembro com baixas de 1% sobre novembro e de 4,56% em relação a dezembro do ano passado. Os papéis do milho, por sua vez, caem 0,32% e 0,56%, respectivamente.

 

Mais uma vez a oferta brasileira ajuda a conter saltos mais relevantes das cotações. O país, que lidera as exportações globais de soja e se firmou nos últimos anos como um dos maiores fornecedores de milho, colheu safras recorde de ambos no ciclo 2016/17 e se prepara para novas produções robustas na temporada 2017/18. Essas produções deverão registrar retrações modestas, uma vez que o clima não está tão favorável como na safra passada, mas as projeções atuais não contemplam quebras significativas.

 

Confirmada essa expectativa, soja e milho, básicos na produção de rações - e, portanto, parte fundamental dos preços das carnes -, deverão continuar a colaborar para manter a inflação dos alimentos em níveis civilizados. Mas, novamente, os produtores terão o desafio de manter sua rentabilidade, sempre com a esperança de que o câmbio colabore (Assessoria de Comunicação, 29/12/17)