15/01/2025

Conab mantém expectativa de safra de grãos em 322,3 milhões de toneladas

Conab mantém expectativa de safra de grãos em 322,3 milhões de toneladas

Bom desempenho da safra de grãos acompanha o clima favorável registrado durante o desenvolvimento das culturas de primeira safra. Foto Fundação Solidaridad

Se confirmado, o volume será um novo recorde e 8,2% superior ao resultado de 2023/24.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) manteve praticamente inalterada a projeção total de colheita para a safra 2024/25 para 322,3 milhões de toneladas de grãos. Se confirmado, o volume será um novo recorde e 8,2% superior ao resultado de 2023/24 ou de 24,5 milhões de toneladas a mais. Os dados fazem parte do quarto levantamento da safra, divulgado nesta terça-feira (14/1).

De acordo com a estatal, o bom desempenho da safra de grãos acompanha o clima favorável registrado durante o desenvolvimento das culturas de primeira safra.

A estimativa de área de plantio ficou inalterada no documento, com 81,4 milhões de hectares, ao somar todos os ciclos de produção. Isso corresponde a um acréscimo de 1,45 milhão de hectares ou 1,8% em relação à temporada anterior.

“Com a conclusão da semeadura das culturas de primeira safra nos principais Estados produtores, as atenções se voltam para a evolução das lavouras e os efeitos do comportamento climático. Já a semeadura das culturas de segunda safra tem início a partir de janeiro, conforme a colheita da primeira safra avança, e as de terceira safra e inverno, a partir de abril. Portanto, as previsões atuais, de área e de produção, vão depender, além da ação climática, também do comportamento do mercado”, apontou a Conab no documento divulgado nesta terça-feira.

Soja

A Conab praticamente manteve a projeção para a safra de soja do país, com um acréscimo de 0,1% sobre a estimativa divulgada em dezembro de 2024, para 166,33 milhões de toneladas. Se confirmado, representará acréscimo de 12,6% ou 18,61 milhões de toneladas em relação à colheita da temporada 2023/24.

“Após um ano de quebra na safra, o atual ciclo tende a recuperar a produtividade média das lavouras. Para esta temporada, é esperado um desempenho médio de 3.509 quilos por hectare, frente aos 3.201 kg/ha registrado em 2023/24”, diz a Conab no documento.

A semeadura da soja, principal produto do agronegócio nacional, foi praticamente concluída, com 47,37 milhões de hectares, cerca de 99% da área prevista. A colheita já foi iniciada na Bahia, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas o ritmo está abaixo do que o apurado na mesma época do ano passado: 0,3% das lavouras ante 1,7% em 13 de janeiro de 2024.

“O plantio da oleaginosa ocorreu de forma concentrada, principalmente, a partir do final de outubro. Com isso, a colheita também deve ocorrer, em sua maior parte, a partir do final de janeiro. As condições climáticas, no período analisado, vêm favorecendo a cultura até o momento, mas a Conab ainda mantém as atenções para os efeitos do comportamento climático até a finalização dos trabalhos de colheita do grão”, aponta a estatal.

Milho

Em relação ao milho, a Conab estimou que a produção será de 119,6 milhões de toneladas, 3,3% acima da safra anterior. Apenas no primeiro ciclo do cereal, é esperada uma colheita de 22,53 milhões de toneladas. A semeadura da primeira safra do cereal já ultrapassa 87% da área e as condições climáticas, nas principais regiões produtoras, favorecem as lavouras. A estatal projeta uma redução de 6,4% na área semeada neste primeiro ciclo, de 3,71 milhões de hectares.

A colheita do milho primeira safra começou em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas o ritmo também é mais lento do que na temporada anterior. Foram colhidos 2,3% da área total contra 6,8% no mesmo período de 2024.

Segundo a companhia, a produtividade média do milho primeira safra deve crescer 4,8% e chegar a 6.062 quilos por hectare. “As precipitações frequentes, intercaladas com períodos de sol, favoreceram o desenvolvimento da cultura nas principais regiões produtoras”, relata a empresa no documento. Os plantios da segunda e terceira safras do cereal terão início a partir deste mês e abril, respectivamente.

Algodão

O cenário também ficou inalterado para o algodão. As indicações da Conab são para aumento de 3,2% na área cultivada, para 2 milhões de hectares, e colheita de quase 3,7 milhões de toneladas de pluma. A produtividade, ao contrário das culturas de soja e milho, deve cair 3,1%, para 1.845 quilos por hectares.

Arroz e feijão

Nas lavouras voltadas ao consumo nacional, a Conab reduziu levemente a projeção de colheita de arroz, para 11,98 milhões de toneladas. Ainda assim, se confirmado, o volume será 13,2% superior ao do ciclo passado. O aumento é resultado de uma elevação de 8,5% na área de plantio, estimada em 1,74 milhão de hectares. A produtividade também deve evoluir 4,3%, para 6.869 quilos por hectare.

No caso do feijão, a Conab elevou em 1,3% a estimativa da colheita em relação à projeção de dezembro de 2024, para 3,4 milhões de toneladas. Se confirmada, a colheita será 4,9% superior à da safra 2023/24, puxada principalmente pelo primeiro ciclo da leguminosa (existem três), que pode colher volume 15,5% maior nesta temporada e passar de 1 milhão de toneladas. A colheita deste primeiro ciclo da cultura já está em andamento, com 19,4% da área concluída na primeira semana de janeiro.

A área plantada de feijão no país deve chegar a 2,9 milhões de hectares, acréscimo de 1,7% sobre a safra anterior. O principal incremento (5,4%) deve ser na primeira safra, podendo chegar a 908 mil hectares.

Lavouras de inverno

Já a colheita das lavouras de inverno da safra 2024 foi finalizada. Para o trigo, principal produto cultivado, a produção foi estimada em 7,89 milhões de toneladas, 2,6% abaixo do resultado obtido na safra anterior.

A queda foi ocasionada, principalmente, pela redução de 14,2% na área de plantio dos Estados da região Sul, que representam 85,4% da área ocupada com trigo no país, aliada ao comportamento climático desfavorável durante todo o ciclo da cultura no Paraná e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, explicou a Conab.

A estatal ressaltou, no documento, que as primeiras estimativas das culturas de inverno, para a safra atual, serão publicadas em fevereiro de 2025. Por enquanto, assume-se o estimado para a safra 2024 como a previsão para 2025 (Globo Rural, 14/1/25)



Safra de grãos em 2025 deve crescer 10,2%, diz IBGE

Colheita de 2024 ficou em 292,7 milhões de toneladas, 7,2% abaixo de 2023. Foto: Wenderson Araújo - CNA

Estimativa é de uma colheita recorde de 322,8 milhões de toneladas.

A safra brasileira de grãos, leguminosas e oleaginosas deve atingir 322,8 milhões de toneladas em 2025, 10,2 acima de 2024, ou um acréscimo de 29,9 milhões de toneladas.

É o que informou nesta terça-feira (14/1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 3º prognóstico da safra 2025, referente a dezembro. Caso a projeção se confirme, será um novo recorde da produção brasileira, acima do recorde anterior, de 2023.

A safra estimada no 3º prognóstico também é 2,5% superior à do 2º prognóstico, referente a novembro, uma diferença de 7,8 milhões de toneladas a mais.

Sobre 2024, o IBGE reduziu em 0,5% sua estimativa de colheita, 1,6 milhão de toneladas a menos. Com isso, a safra de 2024 ficou em 292,7 milhões de toneladas, 7,2% abaixo de 2023.

Esta é a última previsão do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) para o ano de 2024. Eventuais ajustes podem ser feitos pelo IBGE na divulgação da Produção Agrícola Municipal (PAM) referente a 2024.

Para 2025, o IBGE prevê um aumento de 1,8% da área colhida frente a 2024, para 80,5 milhões de hectares.

O aumento de quase 30 milhões de toneladas na produção em 2025 está ligado principalmente ao aumento da soja: 22,3 milhões de toneladas a mais, ou 15,4% de alta. Com isso, espera-se uma safra de 167,294 milhões de toneladas de soja.

Também há crescimento previsto para milho 1ª safra (9,3% ou 2,124 milhões de toneladas) e milho 2ª safra (4,1% ou 3,736 milhões de toneladas). A produção de milho em 2025 deve ficar em 120,563 milhões de toneladas, sendo 25,036 milhões de toneladas do milho 1ª safra e 95,526 milhões de toneladas do milho 2ª safra.

Outras culturas com previsão de expansão da produção em 2025 são: arroz (8,1% ou 856,065 mil toneladas), trigo (4,8% ou 360,657 mil toneladas) e feijão 1ª safra (30,9% ou 276,071 mil toneladas).

Para o algodão herbáceo em caroço foi estimada uma estabilidade na produção (0,0% ou 2 354 t), enquanto para o sorgo foi estimado um declínio de 3,2% ou 127,668 mil toneladas a menos.

Clima

As condições climáticas favoráveis, até agora, explicam a previsão de safra recorde de grãos em 2025, segundo o gerente de agricultura do IBGE, Carlos Guedes. Em 2024, a seca em áreas de Centro-Oeste e Sudeste e o excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, em especial nas enchentes de maio, provocaram queda de 7,2% da produção de grãos no país ante 2023, para 292,7 milhões de toneladas.

“Na soja, houve atraso inicial no plantio em 2024, por falta de chuvas, mas os produtores conseguiram recuperar o atraso e até o momento as condições climáticas correm favoráveis para o desenvolvimento da lavoura. O Mato Grosso, principal Estado produtor, tem condições climáticas favoráveis”, afirma Guedes.

A situação contrasta com a de 2024, quando o atraso das chuvas perdurou por mais tempo no início do plantio de soja e algumas áreas tiveram que ser replantadas. Em 2025, a única preocupação, segundo ele, é em algumas áreas do Rio Grande do Sul, em que ainda faltam chuvas.

No caso do milho, explica Guedes, a janela do plantio deve ser boa, já que os produtores conseguiram recuperar o tempo perdido no início do plantio pela falta de chuvas. O volume, no entanto, não deve ser recorde, já que os preços não estão tão favoráveis, explica.

Uma preocupação de produtores de milho, no entanto, são os períodos de nebulosidade. “Isso pode levar a demora na colheita da soja, afetando a janela para o milho”, diz.

Para o arroz, os preços encontram-se em bons patamares para o produtor, incentivando o aumento da área. “Nas duas últimas safras de arroz, houve alguma recuperação do volume, os preços melhoraram um pouco. No Rio Grande do Sul, houve aumento da área cultivada, justificado pela boa rentabilidade da cultura e pelo bom volume de água nas barragens e rios”, afirma Guedes.

No caso do feijão, lembra, a cultura é mais sensível que outras a variações climáticas: “Por enquanto a previsão é de safra boa, mas pode reduzir ao longo do ano”.

Mudanças climáticas

O clima sempre foi um fator importante para determinar a produção agrícola, mas mudanças climáticas tornam as instabilidades mais intensas e frequentes. A avaliação é do gerente de agricultura do IBGE, que acompanha o cenário para a safra brasileira há 22 anos e comanda a área há oito.

“Temos observado que essas variações climáticas têm sido mais frequentes e mais intensas e isso tem a ver com as mudanças climáticas. Antes, tinha um ano ruim [por problemas climáticos] e depois quatro ou cinco anos de uma certa normalidade. Agora não. Os períodos de instabilidade são mais frequentes”, afirma Guedes.

Ao comentar sobre os problemas enfrentados com o clima, o gerente de agricultura do IBGE cita as secas severas e prolongadas em determinados períodos e regiões, acompanhadas por chuvas intensas em outras áreas. “Temos também uma frequência maior de fenômenos como El Niño e La Niña”, diz (Globo Rural, 14/1/25)