Conab reduz previsão de produção de açúcar e moagem de cana do Brasil
COLHEITA DE CANA (Imagem REUTERS Paulo Whitaker)
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu nesta sexta-feira a previsão de moagem de cana e de produção de açúcar do Brasil, devido a produtividades e uma área plantada inferiores ao previsto inicialmente, à medida que grãos seguem ganhando terras antes canavieiras.
Agora a Conab prevê a produção de açúcar do Brasil em 2022/23 para 33,9 milhões de toneladas, um corte agressivo na comparação com as 40,3 milhões de toneladas na previsão divulgada em abril, que resultará em redução de 3% na comparação com a temporada passada.
A safra de cana do Brasil 2022/23 foi estimada em 572,9 milhões de toneladas, ante 596 milhões na previsão de abril, o que deve configurar uma queda de 1% versus o ciclo anterior.
“Devido à redução na produtividade observada nos canaviais, a produção de açúcar ficou comprometida, ao passo que a produção de etanol ficou próxima da estabilidade, quando comparada à intenção das usinas em abril de 2022, no início da safra”, afirmou a companhia estatal, em relatório.
A área plantada com cana no país 2022/23 foi estimada em 8,13 milhões de hectares, ante 8,2 milhões na previsão de abril, agora com recuo anual de 2,6%, por concorrência de cultivos de grãos, segundo a Conab.
“A grande procura por áreas para o cultivo de soja e milho, devido aos preços atrativos dos grãos, foi apontada como o principal motivo para a perda de 217,3 mil hectares na área de produção”, explicou a Conab.
“Também afetou a diminuição de área a quantidade de áreas de reforma que não puderam ser colhidas devido às geadas e estiagem em 2021”.
A projeção foi divulgada em momento em que o centro-sul do Brasil já processou mais da metade de sua safra de cana, que responde por cerca de 90% da produção do Brasil.
A estatal também chamou atenção para condições climáticas desfavoráveis, como acúmulos de déficits hídricos.
Ainda assim, a Conab projeta aumento de 1,6% na produtividade média da colheita de cana brasileira ante 21/22, quando o país viveu uma das piores secas da história. Entretanto, a estimativa ficou abaixo da alta de 3,2% na pesquisa de abril.
Etanol
Enquanto pouco menos da metade da produção total de cana está prevista a ser destinada à produção de açúcar, a tendência é que o “mix” continue predominantemente alcooleiro, disse a Conab citando “boas receitas financeiras por causa da valorização do biocombustível nos últimos meses”.
A Conab ressalvou, contudo, que novas políticas de preços de combustíveis adotadas recentemente, com mudanças em tributações, podem mudar o perfil de destinação de cana.
A empresa do governo estimou a produção de etanol de cana do Brasil em 25,8 bilhões de litros em 2022/23, queda anual de 2,2%, também com impacto da menor produtividade, que será compensada pelo aumento na produção do combustível à base de milho.
A fabricação do etanol de milho em 22/23 deve subir 30,3%, para 4,52 bilhões de litros, em meio a uma safra recorde do cereal no país, principalmente no Centro-Oeste.
“Apesar do valor (do milho) ainda ser considerado elevado, a valorização do etanol no período estimulou as usinas a originarem de maneira agressiva no mercado, a fim de garantir o suprimento nos períodos de entressafra”, disse a Conab, lembrando que o mercado de grãos secos de destilaria DDG (subproduto usado na fabricação de ração) continua aquecido e dando suporte financeiro às unidades produtoras, com a intensificação dos confinamentos bovino nos meses de estiagem (Reuters, 19/8/22)