06/09/2023

Concorrência do Brasil afeta balança do agronegócio dos EUA

Concorrência do Brasil afeta balança do agronegócio dos EUA

Agronegócio Brasileiro Foto Divulgação

 

Enquanto as exportações dos americanos caem, as dos brasileiros aumentam.

A aceleração brasileira na produção de grãos e de proteínas afeta a balança comercial do agronegócio dos americanos. Há três anos o Brasil entrava no patamar anual de US$ 100 bilhões de receitas com exportações do setor. Neste ano, deverá atingir US$ 162 bilhões.

Os Estados Unidos, que vinham se recuperando da política de isolamento do governo de Donald Trump, atingiram US$ 196 bilhões no ano passado, mas devem fechar o ano fiscal de 2023 (outubro a setembro) em US$ 178 bilhões, e o de 2024 em US$ 172 bilhões. A diferença para o Brasil encurtou muito.

Para o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), responsável pelas informações, o avanço do Brasil no volume produzido e a retração da China vêm provocando a desaceleração das exportações do país.

Além de maior demanda interna, os americanos não têm registrado aumentos na produção de grãos. A safra de soja de 2021/22 ficou em 122 milhões de toneladas, volume que recuou para 116 milhões na seguinte e deverá repetir o mesmo patamar na 2023/24.

O Brasil, ao contrário, vem obtendo safra recorde de soja. Neste ano, foram 155 milhões de toneladas. Com isso, o potencial de exportações dos americanos diminuiu e o dos brasileiros cresceu. De janeiro a agosto, as exportações brasileiras já somam 81 milhões de toneladas, 22% a mais do que em 2022.

A safra de milho dos EUA recuou para 349 milhões de toneladas em 2022/23. Deve voltar ao normal nesta safra, mas abriu brecha para o Brasil exportar acima de 50 milhões de toneladas neste ano e assumir a liderança mundial na comercialização do cereal.

As proteínas dos americanos também perdem terreno. As receitas com a carne bovina vão recuar de US$ 10,8 bilhões, em 2022, para US$ 8,5 bilhões no ano fiscal de 2023/24. Já as de frangos não ganham espaço e se mantêm em US$ 4 bilhões.

A China também é um dos motivos da redução das exportações dos Estados Unidos. Segundo o Usda, essa retração ocorre devido à economia mais fraca do país asiático e à demanda menor por alimentos destinados a animais.

Somam-se a isso a retração dos preços internacionais, a concorrência maior do Brasil e a produção estável de grãos nos Estados Unidos.

No ano fiscal anterior, as exportações americanas para os chineses renderam US$ 36,2 bilhões. Caíram para US$ 33 bilhões neste e devem somar US$ 30 bilhões no próximo.

Os Estados Unidos perdem espaço também em vários outros mercados asiáticos, como Japão, Coreia do Sul, Indonésia, Vietnã e Filipinas, países que deverão gastar menos nas compras de produtos americanos, segundo o Usda.


Receitas agrícolas em queda 

As receitas agrícolas brasileiras de 2023 vão recuar para R$ 939 bilhões neste ano, 5% a menos do que no ano anterior. Café tem a principal queda e milho a maior alta.

Os dados são da consultoria MacroSector, que prevê R$ 393 bilhões para a soja e R$ 138 bilhões para o milho. As quedas são de 2,5% e de 14%, respectivamente, em relação a 2022.

A redução dos preços internacionais faz com que a receita com café caia para R$ 48 bilhões neste ano, 16% a menos do que em 2022. Já com a laranja elas vão para R$ 54 bilhões, uma alta de 15%, segundo a consultoria (Folha, 6/9/23)