Consumo de café deve crescer 3,3% no país
Estudo da Euromonitor encomendado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) estima que as vendas de café no país devem crescer 3,3% este ano, avanço semelhante ao de 2016. Segundo o trabalho, apresentado ontem no 25º Encafé, em Mata de São João (BA), as vendas de café no varejo e no food service do país devem somar 1,070 milhão de toneladas, o equivalente a 22,291 milhões de sacas. Em 2016, as vendas totalizaram 1,036 milhão de toneladas.
Segundo a empresa de pesquisas, a reação da economia está impactando positivamente o consumo das famílias". Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic, destacou que o consumidor "tem buscado mais café em todas as versões". Além disso, fatores como preço acessível e qualidade também têm contribuído para o crescimento do consumo de café, afirmou em entrevista por telefone.
Os números da Euromonitor consideram sacas de 48 quilos, volume restante após a torra do grão verde. O estudo contempla as vendas de café torrado e moído, grãos e em cápsulas.
Para 2018, o estudo projeta novo aumento nas vendas de café, de mais 3,4%. Até 2021, os volumes chegariam a 1,229 milhão de toneladas (25 milhões de sacas), com taxa média anual de crescimento de quase 3,5% entre 2016 e 2021.
A pesquisa mostra que do volume total estimado para este ano 81% se referem a café em pó, 18% a grão torrado e 0,9% a cápsulas. Embora destaque a desaceleração recente em cápsulas, o estudo estima que até 2021 o segmento continuará a crescer e responderá por 1,1% do volume total de café. "Porém, o consumidor brasileiro percebe cada vez mais o valor dos cafés premium em outros formatos, como o moído e em grão", diz o estudo.
Já o café torrado e moído deve continuar a representar 80% do volume total de produto comercializado no país em 2021.
A pesquisa afirma que o aumento de preços do café menos acentuado do que o observado em 2016 permitiu "um cenário mais propício aos produtos de melhor qualidade". Assim, houve diversificação no mix de produtos. Segundo a Euromonitor, apesar da tendência de "premiunização" no segmento, 90% do mercado ainda é de café tradicional, "com preços acessíveis e ampla disponibilidade no varejo".
O levantamento da Euromonitor revela que também houve incremento nas vendas de café em grão para os domicílios. No entanto, pondera a consultoria, o consumo desse tipo de produto ainda segue focado no food service. Neste ano, as vendas devem somar 195 mil toneladas. A previsão é de que alcancem 203 mil toneladas ano que vem. "Marcas com grande expressão contribuíram para a disseminação do grão no varejo, aumentando pontos de distribuição e ofertas (…). Em 2018, espera-se que players regionais invistam cada vez mais no segmento de grãos premium", diz a consultoria.
Conforme a pesquisa, diante do avanço dos cafés premium no Brasil, o segmento de cápsulas deve sofrer mais competição. Neste ano, o mercado de cápsulas deve somar 10 mil toneladas, 1 mil toneladas acima de 2016. A projeção é de que atinja 14 mil toneladas em 2021.
A Euromonitor destaca ainda, no estudo, que o arrefecimento da crise econômica no país impulsiona as vendas no food service, que neste ano devem responder por 33% do volume total (Assessoria de Comunicação, 24/11/17)
Brasil deve exportar 15% menos café solúvel em 2017
As exportações brasileiras de café solúvel devem cair quase 15 por cento em 2017, na comparação com 2016, refletindo uma perda de mercado externo decorrente do problema com a oferta de conilon (robusta) no ano passado, projetou nesta sexta-feira uma liderança do setor.
O Brasil é o maior exportador global de café solúvel, assim como de grãos verdes.
Secas em 2015 e 2016 derrubaram a safra de conilon do Espírito Santo, o principal produtor nacional da variedade usada na fabricação do solúvel, e a indústria desse produto chegou a defender a importação de café verde para calibrar a oferta doméstica.
As compras externas acabaram não se concretizando, e o Brasil perdeu negócios para concorrentes na Ásia, justamente por não ter conseguido obter matéria-prima no mercado a preços adequados, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Pedro Guimarães.
“Vamos exportar cerca de 500 mil sacas a menos neste ano porque perdemos clientes, que agora compram (solúvel) de concorrentes na Ásia. Levará tempo para recuperarmos esses compradores”, afirmou Guimarães no intervalo do EnCafé, maior evento da indústria cafeeira do Brasil, realizado na Bahia.
Conforme dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país embarcou no ano passado 3,87 milhões de sacas de solúvel, mas neste ano as vendas devem ficar em torno de 3,3 milhões de sacas dada a perda de participação no mercado internacional, projetou Guimarães.
“Voltamos aos níveis de 2010”, frisou o presidente da Abics.
A avaliação de Guimarães confirma reportagem de agosto da Reuters com um diretor da Abics, que indicou que o setor voltaria ao patamar de 2010.
No acumulado de 2017, de janeiro a outubro, as exportações somam 2,80 milhões de sacas, queda de 12,5 por cento, conforme o Cecafé.
Segundo Guimarães, a importação de café verde não é mais necessária agora, embora a “Abics seja a favor do livre mercado”.
“Não vislumbro isso no curto prazo, dado o realinhamento com os preços internacionais e a perspectiva de uma safra maior no ano que vem. Não vejo justificativa para se trazer café de for a”, avaliou.
2018
Para 2018, Guimarães destacou que não são esperados “gargalos” na oferta de café para a indústria e que o trabalho se dará na reconquista de importadores. Ele não projetou quanto o país deve exportar no ano que vem (Reuters, 24/11/17)