Coopavel dá início à temporada de feiras sem sertanejo e festa

Show Rural - COOPAVEL -Foto Divulgação
Show Rural busca manter o foco do produtor em tecnologia e inovação.
Está sendo realizada em Cascavel, no oeste do Paraná, uma feira diferente. Sem música sertaneja, sem show gastronômico e sem auditórios com grandes palestras.
"Nosso objetivo, desde a criação da feira, em 1989, é trazer tecnologia e inovação. Nunca saímos dele." A afirmação é de Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que realiza o evento anualmente.
Para o presidente da entidade, o importante é manter o foco no produtor e conectá-lo às empresas, para que ele busque o que de melhor elas têm. Qualquer evento artístico que as empresas queiram fazer tem de ser depois das 18h e fora dali, afirma ele. "O objetivo durante o evento é trabalho."
O Show Rural Coopavel é a abertura das grandes feiras e exposições no país. Como ocorreu nos anos recentes, o limite de participação de empresas é de 600, embora os pedidos tenham chegado a 734 neste ano. Grolli não faz previsões de faturamento do Show Rural deste ano, mas ele acredita em uma boa movimentação, devido às condições de mercado.
Entre os pontos favoráveis a serem considerados, está o preço da soja e do milho, afirma. A saca de soja, paga ao produtor, está em R$ 118 e indica um aumento de 10% em relação aos valores de há um ano. A do milho subiu para R$ 63, em média.
Já os custos dos insumos mantêm uma paridade com relação aos de há um ano. Na safra 2024/25, eram necessárias 26 sacas de soja para a compra desses produtos e de 56 para a aquisição dos insumos relacionados ao milho, valores que se repetem neste ano.
É um bom momento para a compra de insumos, devido a essa equivalência, diz o presidente. O produtor precisa lembrar que não tem domínio sobre o dólar e o clima. "É preciso, então, olharmos para esse equilíbrio que temos hoje."
O agricultor precisa fazer contas. O mesmo deve ocorrer com as empresas, que, às vezes, só olham para o valor do que querem vender, afirma Grolli.
Quanto à venda de máquinas, que desacelerou no ano passado, o presidente da Coopavel acredita que pode haver uma reação, mas a indústria tem de entender a situação do produtor.
Grolli acredita no potencial do agronegócio, principalmente pela industrialização das cooperativas. Elas têm participação de 70% na produção de soja do estado, 62% na de milho e 55% na de trigo.
No setor de proteína animal, elas têm a produção de 56% da carne suína, 44% da de frango, 35% da de leite e 30% da de peixe do estado. Ao todo, são 62 cooperativas do ramo agropecuário no Paraná.
Essas cooperativas paranaenses têm 140 indústrias de processamento, 18 delas na Coopavel. Esta tem, aliás, a primeira de bioinsumos entre as cooperativas.
A industrialização, que vai de produtos de limpeza e embalagens ao processamento de grãos e produção de ração, diminui custos e aumenta a rentabilidade do produtor, diz Grolli.
Uma tonelada de soja que sai pelo porto de Paranaguá (PR) rende próximo de US$ 400, e a de milho, US$ 200. O processamento desse mesmo produto internamente pode render de US$ 2.000 a US$ 2.500, uma vez que a demanda do estado é muito grande, tanto de produtos processados para o consumidor quanto de matéria-prima para a produção de carnes.
Realizado em um período de chuvas fortes e de calor intenso, o Show Rural deste ano terá 18 km de ruas cobertas para maior conforto do visitante (Folha, 11/2/25)