Coopercitrus estima faturamento de R$ 4 bi no ano com grãos em alta
A Cooperativa de Produtores Rurais (Coopercitrus) de São Paulo deve faturar R$ 4 bilhões neste ano, incremento de 26,9% em relação ao ano passado. A valorização da soja e do milho deve garantir o resultado em um cenário de perdas estimadas em 10% na produtividade da cana.
O crescimento supera os 18% projetados anteriormente, afirma o diretor-presidente da cooperativa, Fernando Degobbi. “Os resultados que alcançamos com grãos e café, culturas com as quais começamos a trabalhar mais recentemente, aliados aos fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas puxaram o avanço de 29,8% no primeiro semestre”, afirmou em entrevista ao DCI. A produção de soja e milho representa 20% da receita.
Com sede em Bebedouro (SP), a Coopercitrus tem 31 mil cooperados que possuem 40 mil propriedades em citrus, cana-de-açúcar, café, grãos, hortifruti, além de pecuária. “Nós fizemos um movimento grande com grãos, especialmente soja, aproveitando os bons preços do começo do ano.”
Ele destaca que a alta das cotações do milho e da soja compensou as perdas registradas nas áreas de cana-de-açúcar, que estão sem chuvas há mais de 60 dias. “Em média, a quebra de produtividade chega a 10% nas regiões que tiveram um regime de chuvas mais bem distribuído no começo do ano, mas em algumas áreas, como Araçatuba e Rio Preto (SP), oscilam entre 15% e 20%”, diz.
A cooperativa tem 2,8 milhões de hectares de cana-de-açúcar, com produtividade média de 75 toneladas por hectare. “Diante desse cenário de menos cana, há expectativa de que os preços do açúcar comecem a reagir”, projeta o executivo da Coopercitrus. Apesar da quebra, a menor umidade na lavoura é positiva, pois favorece a concentração de açúcar na cana.
O café, que responde por 15% do faturamento, deve ter um papel importante nos resultados da cooperativa, que espera comercializar 1 milhão de sacas de seus cooperados neste ano, ante 550 mil sacas negociadas na safra passada. A produção de citrus, que já foi o foco da cooperativa, responde hoje por 12% dos negócios e deve ser menor neste ciclo. Ainda não é possível determinar qual será a queda, que dependerá do volume de frutos nas árvores e do prolongamento ou não da estiagem.
Segundo dados do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a safra 2018/2019 no cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo e Sudoeste Mineiro deve ser de 288,9 milhões de caixas, queda de 28% ante a produção da temporada anterior e 11% menor que a média dos últimos dez anos.
Estratégia
A cooperativa vem desde 2010 crescendo em torno de 20% ao ano, incremento que ganhou fôlego com a incorporação de cinco cooperativas nos últimos dois anos, focadas em café, soja, milho e hortifruti nos estados de São Paulo e Minas Gerais. “Nossa intenção é expandir a área de produção com essas culturas, diversificando e abrindo mais espaço para o crescimento dos negócios”, esclarece Degobbi.
A cooperativa também tem investido em tecnologia para ampliar a produtividade nas lavouras dos cooperados. Em parceria com a Logicalis, a Coopercitrus desenvolve uma plataforma chamada Campo Digital para auxiliar na tomada de decisão. “A plataforma combina informações da lavoura, imagens de satélite e previsões meteorológicas, combinando esses dados para recomendar o melhor manejo”, explica.
Somente na primeira etapa do projeto, que incluiu o georreferenciamento de 22 mil propriedades, a cooperativa investiu R$ 1,2 milhão.
“Até o final deste processo, que deve levar mais três anos, esperamos investir R$ 10 milhões”, projeta. Conforme Degobbi, a cooperativa deve anunciar nos próximos dias uma parceria com uma empresa de drones para a pulverização de lavouras. A intenção é uma aplicação mais precisa de insumos (DCI, 11/7/18)