Copersucar vê 20/21 'ainda melhor' e se diz pronta para volatilidade
A gigante de açúcar e etanol Copersucar SA disse ter registrado melhorias em todas as suas linhas de negócios na temporada 2019/20, e que pretende evoluir em 2020/21 aproveitando-se da volatilidade trazida pela pandemia do coronavírus, segundo o presidente do grupo, João Roberto Gonçalves Teixeira.
A avaliação de Teixeira foi feita em momento em que a companhia, que reúne 34 usinas de 20 grupos empresariais, já fixou vendas para a maior parte de seu açúcar a ser exportado durante a temporada 2020/21.
A Copersucar, parceira da Cargill na maior trading de açúcar no mundo, a Alvean, tem batido recordes de embarques de açúcar nos últimos meses, pontuou o presidente da companhia, indicando que essas exportações já refletem a antecipação recorde de fixações de preços também vista no setor de forma geral.
Segundo o diretor financeiro da Copersucar, Tomás Caetano Manzano, grande parte das usinas da companhia fixou de 65% a 75% dos preços do açúcar na safra 2020/21, aproveitando os preços internacionais que até fevereiro eram interessantes, assim como o câmbio, que registrou máximas do dólar frente ao real neste ano.
Teixeira destacou que o fato da empresa contar com uma plataforma integrada de açúcar, etanol e logística garante flexibilidade e resiliência para enfrentar “mercados cada vez mais voláteis” em tempos de coronavírus.
“Tem muita gente que se preocupa como vai ser o mundo... Entendemos que o mundo vai ser volátil e nós estamos preparados para enfrentar essa volatilidade, no sentido de criar valor com a volatilidade com uma boa gestão de riscos,” disse Teixeira em videoconferência com jornalistas.
“Para a safra 2020/21, a nossa expectativa é de que tenhamos resultados ainda melhores”, completou o presidente da companhia, destacando que a demanda por açúcar segue forte.
O lucro operacional da Copersucar, que exclui fatores contábeis não recorrentes, aumentou mais de 30% em 19/20, para 136 milhões de reais, com um faturamento recorde de mais de 30 bilhões de reais no período, informou a empresa mais cedo nesta terça-feira.
A Copersucar, que controla a comerciante de etanol dos EUA Eco-Energy, vê uma recuperação gradual nos mercados globais do combustível e possivelmente mais exportações para o Brasil ainda este ano.
Manzano disse que o comércio de etanol entre os EUA e o Brasil tem diminuído recentemente com a demanda fraca nos dois mercados, mas observou que os brasileiros estão produzindo muito mais açúcar este ano e menos etanol.
Isso pode abrir a janela para os EUA exportarem ainda este ano, principalmente se a demanda de combustível no Nordeste do Brasil se recuperar rapidamente.
SAFRA ESTÁVEL
Para Manzano, ainda é muito cedo para ter um número concreto sobre a safra do centro-sul do Brasil —que começou a ser colhida em abril, oficialmente.
Mas ele acredita que a moagem deverá ficar próxima da registrada na temporada anterior, próxima a um volume entre 590 milhões e 600 milhões de toneladas, apesar de uma estiagem que se prolonga desde fevereiro.
Com relação ao mix da safra, ele disse que as usinas deverão destinar entre 45% e 47% da produção de cana para o açúcar, acima do ano passado, já que o adoçante está remunerando mais que o etanol.
O diretor revelou também que as usinas da companhia tiveram um avanço de 7% a 7,5% na moagem na safra passada, um índice acima do visto no centro-sul, de cerca de 3%, uma vez que os investimentos da associadas permitiram uma maior colheita.
EMBARQUE DE GRÃOS
A Copersucar vai continuar exportando grandes volumes de grãos em seu terminal no porto de Santos, sem abrir mão de embarques maiores de açúcar, ressaltou o CEO, ponderando que a companhia realizou investimentos importantes para operar com os dois produtos, mesmo em momentos de forte demanda por soja, como no caso deste primeiro semestre.
“Fizemos investimentos pontuais para permitir que possamos continuar embarcando grandes volumes de grãos e embarcar toda a necessidade de exportação de açúcar”, afirmou, ressaltando que o terminal tem capacidade para embarcar 3 milhões de toneladas de grãos por ano (Reuters, 23/6/20)