Crise na BRF deverá ser longa, dizem analistas
Problemas da dona das marcas Sadia e Perdigão também afetaram os papéis de concorrentes do setor de carnes.
O agravamento da crise na BRF, provocado pela deflagração da terceira fase da Operação Carne Fraca, poderá representar o início de uma crise de longo prazo para a companhia, segundo analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. Os problemas da dona das marcas Sadia e Perdigão também afetaram ontem os papéis de concorrentes do setor de carnes.
Para o BB-BI, banco de investimentos do Banco do Brasil, é “mais do que provável” um rebaixamento da recomendação da ação da BRF em breve, diante de tantas incertezas que envolvem a companhia.
Além das investigações da Polícia Federal, a analista Luciana Carvalho, do BB-BI, citou as propostas de mudanças no conselho de administração em um momento em que a empresa tem o desafio de melhorar seus resultados. Para ela, as investigações devem ter impacto sobre os indicadores operacionais da BRF.
Os analistas do Itaú BBA também enxergam desafios internacionais. Entre as possíveis ocorrências, citam impactos sobre o médio escalão da empresa, possível fechamento de unidades, como reflexo do fechamento dos mercados para exportação. Outro problema, disseram, são os prejuízos que a empresa poderá enfrentar com a perda de credibilidade das marcas Sadia e Perdigão, que hoje estão entre as líderes de mercado no País.
Uma fonte de uma gestora de ativos, que preferiu não se identificar, disse que a derrocada das ações da BRF na Bolsa só não foi maior ontem porque muitos fundos se desfizeram de suas posições na empresa ao longo dos últimos trimestres.
Efeito dominó
Embora a BRF tenha perdido quase 20%, de longe a maior baixa do Ibovespa – principal índice da Bolsa paulista –, a JBS foi a segunda maior queda, com perdas de 5%. Os papéis de Marfrig (-0,95%) e Minerva (-0,43%) também fecharam no terreno negativo, diante de temores de que a questão não fique restrita à BRF e ao setor de aves e se espalhe para outras companhias e segmentos. Segundo a Economática, todas as empresas do setor perderam R$ 6,3 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira, 5 (O Estado de S.Paulo, 6/3/18)