06/08/2021

CTNBio não avalia pedido sobre liberação de farinha de trigo transgênico

CTNBio não avalia pedido sobre liberação de farinha de trigo transgênico

TRIGO_Pascal-RossignolReuters.

Legenda: A indústria nacional tinha a expectativa de que o assunto estivesse na pauta desta reunião, depois do tema ser excluído no encontro anterior

CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) deixou novamente fora da pauta de discussões um pedido de liberação comercial para uso de farinha de trigo geneticamente modificado no Brasil, informou o órgão após reunião realizada hoje (5).

“O processo não foi debatido nessa reunião, estamos aguardando resposta da empresa solicitante à diligência feita pela CTNBio”, disse em videoconferência o presidente da comissão, Paulo Barroso.

A indústria nacional de trigo tinha a expectativa de que o assunto estivesse na pauta desta reunião, depois de ter sido excluído no encontro anterior da CTNBio, realizado em junho, também por pedido de informações à TMG (Tropical Melhoramento & Genético), que protocolou o pedido no Brasil.

Na hipótese de aprovação, a farinha feita de trigo transgênico seria importada da Argentina, fato que gerou preocupação para os moinhos, por possível efeito negativo para o consumo.

“Não há nenhum país no mundo que tenha trigo transgênico, o Brasil seria o primeiro. Não existe nenhuma pesquisa sobre como os consumidores vão reagir a este tipo de produto”, disse o presidente executivo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), Rubens Barbosa.

Ele disse que a entidade está preparada para contestar uma eventual aprovação da CTNBio e, neste caso, deve solicitar junto a outros membros do setor que o tema seja analisado pelo Conselho Nacional de Biossegurança, composto por ministros, para que o governo se pronuncie sobre a conveniência da medida.

O governo da Argentina aprovou a comercialização da variedade transgênica de trigo HB4 da empresa de biotecnologia Bioceres, embora tenha destacado que o produto só poderá ser negociado depois de autorizada a importação pelo Brasil, conforme publicação no Diário Oficial argentino em outubro do ano passado. Reportagem da Reuters antecipou a medida na véspera da publicação.

Na época, a Abitrigo já havia informado que pediria ao governo brasileiro a não liberação da entrada do produto geneticamente modificado no país.

Um executivo da Bunge chegou a confirmar que os moinhos do Brasil são contrários à importação do produto, uma vez que ele é destinado à alimentação humana e o grão geneticamente modificado ainda enfrenta restrições para uso direto pelos consumidores, segundo reportagem publicada pela Reuters em novembro.

Nesta quinta-feira, o presidente da Abitrigo lembrou que grãos como soja e milho transgênicos têm aprovação para uso comercial, mas a finalidade é a alimentação animal.

“A farinha não, é só para consumo humano e vamos ver qual seria a reação do consumidor”, completou (Reuters, 5/8/21)