11/06/2021

CTNBio pede informações para avançar com avaliação sobre trigo transgênico

CTNBio pede informações para avançar com avaliação sobre trigo transgênico

Legenda: Por enquanto, o trigo transgênico ainda não é aceito no Brasil. Foto: Dida Sampaio/Estadão

 Empresa Tropical Melhoramento & Genética quer importar e comercializar no Brasil a variedade HB4 do cereal, que foi aprovada para cultivo na Argentina no ano passado.

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) decidiu solicitar informações adicionais para prosseguir com as análises sobre eventual liberação comercial de trigo transgênico para consumo humano e animal no Brasil, conforme informação repassada pela comissão ao Estadão/Broadcast. A decisão foi tomada nesta quinta-feira, 10, durante a 242ª reunião ordinária do colegiado, que ocorreu de forma sigilosa.

A solicitação de informações adicionais foi encaminhada ao requerente do pedido, a empresa de sementes Tropical Melhoramento & Genética (TMG). O pedido para importação e comercialização de trigo transgênico no País foi protocolado pela TMG junto à CTNBio em processo em 28 de março de 2019.

 

A variedade do cereal geneticamente modificado avaliada pela comissão é a HB4, da argentina Bioceres, aprovada para cultivo na Argentina em outubro do ano passado - país de onde os moinhos brasileiros adquirem cerca de 85% do cereal que importam. Esse tipo de trigo é capaz de suportar a seca e cargas maiores do agrotóxico glufosinato de amônio, agrotóxico 15 vezes mais tóxico do que o glifosato, proibido na União Europeia por ser bastante nocivo à saúde. As substâncias podem causar danos genéticos e levar até a mutações das células.

Em audiência pública sobre o tema realizada em 22 de outubro do ano passado pelo CTNBio, especialistas questionaram o pedido da Tropical Melhoramento & Genética (TMG) e alertaram que o estudo feito pela empresa para detectar se o trigo transgênico é capaz de causar alergias ou danos ao meio ambiente tinha falhas metodológicas.

No entanto, já em novembro de 2020, a liberação comercial do cereal no país recebeu parecer favorável à aprovação (deferimento) das Subcomissões Setoriais Permanentes de Saúde Humana e Animal da CTNBio, e parecer pela diligência das Subcomissões Setoriais Permanentes Vegetal e Ambiental, segundo informações públicas da comissão.

A CTNBio, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), é o órgão responsável no governo federal por questões relacionadas à biossegurança de organismos geneticamente modificados.

Oposição

A possível aprovação do trigo transgênico não é bem recebida pela indústria de derivados de trigo. Procurada pelo Estadão/Broadcast, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que representa a indústria moageira, disse que a entidade é contrária ao uso do trigo geneticamente modificado. A associação afirmou que estava solicitando às entidades governamentais brasileiras que não autorizassem a comercialização desses produtos no Brasil.

Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) também já disse não apoiar a comercialização do cereal transgênico no País (O Estado de S.Paulo, 11/6/21)