29/10/2021

Custos altos e demanda mundial inibem crescimento na produção de suínos

Custos altos e demanda mundial inibem crescimento na produção de suínos

Legenda: Criação de porcos em na província de Henan, na China – SUINOS  Foto Jason Lee Reuters

 Melhora na oferta derruba preços, e procura incerta pela proteína deverá reduzir rebanho em 2022.

Uma recuperação global da produção de suínos, melhorando a oferta dessa proteína, provocou uma queda forte nos preços mundiais.

Além disso, há uma elevação dos custos de produção, o que poderá provocar uma desaceleração do crescimento do rebanho em 2022, segundo analistas do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

Para eles, as perspectivas para o Brasil continuam otimistas, uma vez que a chave da produção brasileira é o mercado externo. Apesar de a China ter reduzido a importação de carne suína do Brasil no terceiro trimestre, a boa oferta interna e a perda de valor do real dão competitividade ao produto brasileiro.

Os produtores, mesmo com o aumento de 34% nos custos da ração, em relação aos do ano passado, estão otimistas. Os analistas do banco esperam um crescimento de 5,5% na produção brasileira deste ano.

Alguns mercados vão ter dificuldades na produção no próximo ano, devido à elevação dos custos dos grãos e da mão de obra, o que vai pressionar a rentabilidade dos produtores, provocando uma desaceleração do rebanho mundial.

Países como o Brasil poderão ter um certo alívio nos custos dos grãos, graças à boa safra esperada. Os pesados custos dos fertilizantes e dos agroquímicos nas lavouras, porém, serão mais um ingrediente na pressão dos preços dos grãos, principalmente para os importadores.

A necessidade de repasse dos custos para os consumidores pesará sobre a demanda mundial, com intensidade maior nos países com baixa renda.

Os chineses, principais produtores e consumidores mundiais, continuam com o fantasma da peste suína africana e com a elevação de custos da produção, o que tem levado muitos produtores a reduzirem o rebanho.

A demanda na China continua fraca, devido às restrições impostas pela pandemia, e, com isso, o país reduziu as importações para equilibrar a oferta.

Os europeus vão diminuir a produção nos próximos meses, segundo o Rabobank. Os preços do suíno estão 24% inferiores aos da média de cinco anos, os abates são maiores e a demanda continua fraca.

Nos Estados Unidos, os custos crescentes e as restrições regulatórias vão inibir os planos de expansão do setor, segundo os analistas.

As exportações norte-americanas serão um contraponto à queda da demanda interna, que ocorrerá devido ao repasse dos custos da produção para os consumidores (Folha de S.Paulo, 29/10/21)