Datafolha traz boas notícias em série para a oposição – Editorial Folha

Foto Eraldo Peres AP
Lula perde vantagem de pesquisa anterior e se vê empatado no 2º turno com possíveis adversários, como Michelle e Tarcísio.
Por qualquer ângulo que se olhe, a mais recente pesquisa do Datafolha traz notícias boas para quem joga no campo da oposição e ruins para o governo e seus apoiadores.
Para começar, o levantamento retirou qualquer aura de invencibilidade que ainda pudesse haver em torno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao mostrá-lo, nas simulações de segundo turno, em pé de igualdade com vários de seus potenciais adversários na disputa de 2026.
O petista, é claro, pode se agarrar ao tempo que falta para a eleição. Com mais de um ano pela frente, nada impede que o cenário mude de forma significativa, sobretudo porque, até lá, o Supremo Tribunal Federal (STF) terá terminado de julgar Jair Bolsonaro (PL) pela trama golpista de 2022.
A fragilidade eleitoral de Lula, contudo, está aí para quem quiser ver; seu capital político diminuiu, e o governo que comanda tem-se revelado incapaz de dar uma resposta convincente aos inúmeros anseios da população.
É verdade que, nos cenários hipotéticos de primeiro turno, o único oponente que parece lhe dar dor de cabeça é Bolsonaro, que chega a 35% das intenções de voto contra 36% de Lula. Mas o ex-presidente, como se sabe, foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas demais situações, o petista ainda tem certa folga. Somando sempre 37% ou 38% das intenções de voto, ele sobrepuja Eduardo e Flávio Bolsonaro, ambos do PL e com 20%; o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 21%; e Michelle Bolsonaro (PL), que se sai melhor, com 26%.
É no segundo turno, contudo, que a dificuldade de Lula se revela por inteiro. Se a eleição fosse hoje, dentre os cenários testados, ele venceria apenas contra Flávio (47% a 38%) e Eduardo (46% a 38%) —e, nesse último caso, vendo apertar uma vantagem que, em abril, era de 51% a 34%.
Essa mesma queda de desempenho eleitoral se repetiu contra Michelle. Se antes o Datafolha apontava para o que parecia uma vitória tranquila por 50% a 38%, agora o presidente se vê em situação de empate, no limite da margem de erro, com a ex-primeira-dama: 46% a 42%.
Pior ainda para Lula é o cenário de segundo turno contra Tarcísio. Em abril, o governador de São Paulo perdia por 39% a 48% das intenções de voto; passados dois meses, ele chegou a 42% e encostou no petista, com 43%.
E, de um ponto de vista apenas simbólico —dado o obstáculo jurídico de Bolsonaro—, é digno de nota que o mandatário, com 44%, esteja numericamente atrás de seu antecessor, que registrou 45%. Em abril, Lula tinha aberto nove pontos de frente.
Se o governo demonstrava não entender a necessidade de corrigir rumos, talvez agora o alarme soe no Palácio do Planalto. O medo da derrota nas urnas tende a ser mais forte que qualquer outro impulso —e essa não deixa de ser uma das belezas da competição eleitoral, proporcionada apenas pelas verdadeiras democracias (Folha, 15/6/25)