18/11/2019

De promessa à consolidação dos microrganismos na agricultura

De promessa à consolidação dos microrganismos na agricultura

Legenda: Uva sem semente nacional se impõe sobre estrangeiras e banca demanda interna

 

Há 25 anos, não era fácil convencer os produtores de que a utilização de microrganismos no solo pudesse dar uma resposta rápida às necessidades de melhora da produção agrícola, gerando ganho de quantidade e de qualidade nos processos produtivos.

Os produtores de hortifrútis, que faziam pelo menos três safras por ano e, consequentemente, sofriam os efeitos do intenso desgaste do solo, foram os primeiros a dar crédito à novidade.

Legenda: Uva sem semente nacional se impõe sobre estrangeiras e banca demanda interna

 

Mudar o pensamento dos produtores tradicionais, no entanto, ainda levaria mais tempo. Pouco permeáveis a mudanças, resistiam a crer que o manejo de leveduras, fungos e bactérias fosse capaz de interferir na parte biológica do solo e de melhorar também as suas condições químicas e físicas, indispensáveis para uma boa produção.

A aceitação da nova tecnologia, segundo o engenheiro-agrônomo Ney Ibrahim, diretor comercial da Alltech Crop Science no Brasil, só viria após um longo processo de quebra de paradigmas.

 Pode-se dizer que a biotecnologia saiu do status de promessa para consolidar um avanço real na agricultura.

Presente no Brasil desde 1995, a Alltech Crop Science atua no desenvolvimento de soluções naturais para a agricultura. O foco agora é entender o processo metabólico das plantas e identificar os agentes biológicos, segundo o diretor comercial da empresa.

 Essa utilização de microrganismos, que teve início na produção de verduras e frutas, já atingiu todas as grandes culturas, como a de soja, a de milho, a de cana-de-açúcar e a de feijão. 

A projeção de crescimento dessa biotecnologia na agricultura é de, pelo menos, 15% ao ano na próxima década.

As instituições de pesquisa, os investimentos da iniciativa privada e a modernização dos maquinários, que facilitaram a aplicação das novas tecnologias, contribuíram para o desenvolvimento do setor.

Ibrahim destaca, porém, a necessidade da evolução da legislação para permitir um aumento nos investimentos em pesquisas. Na opinião dele, a área de biotecnologia ainda tem muito espaço para crescer, pois, quanto mais se conhece o assunto, mais se percebe que há um grande número de possibilidades a explorar (Folha de S.Paulo, 15/11/1)