13/09/2021

Desmatamento na Amazônia cai pelo 2º mês, mas continua alto

Desmatamento na Amazônia cai pelo 2º mês, mas continua alto

AMAZONIA - BRUNO KELLY- REUTERS

Legenda: Em agosto, a devastação totalizou 819 Km², número 32% inferior ao do mesmo mês de 2020

desmatamento da Amazônia caiu pelo segundo mês consecutivo em agosto na comparação com um ano antes, de acordo com dados preliminares do governo publicados hoje (10), e cifras anuais atualizadas para 2021 também mostram um ligeiro declínio.

No mês passado, a devastação totalizou 819 quilômetros quadrados, número 32% inferior ao do mesmo mês de 2020, mostraram dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Entre janeiro e agosto, o desmatamento recuou 1,2% e ficou em 6.026 quilômetros quadrados. Apesar da diminuição pequena, ele continua a ser quase o dobro do que foi entre janeiro e agosto de 2018, antes de o presidente Jair Bolsonaro tomar posse.

A destruição disparou depois que Bolsonaro chegou ao poder e adotou de imediato ações para enfraquecer a fiscalização ambiental.

Mas nas últimas semanas alguns sinais indicaram que o governo federal ensaia alguns passos para combater a devastação.

O governo dobrou o orçamento para a fiscalização ambiental e planeja contratar cerca de 700 novos agentes de campo, disse o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, no mês passado.

Ambientalistas dizem que a destruição simplesmente estacionou, mas que não mostra sinais de voltar aos níveis pré-Bolsonaro.

O desmatamento alto persistente também alimenta incêndios florestais, já que as árvores derrubadas servem como pavio, de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

Normalmente, os madeireiros extraem madeira valiosa e mais tarde se ateia fogo aos restos para liberar a terra para o eventual uso na agricultura.

Uma testemunha da Reuters que viajava pelo Estado do Amazonas durante a semana passada viu grandes incêndios lançando fumaça a quilômetros de altura e uma névoa que encobria a paisagem.

Muitos dos incêndios estavam próximos de rebanhos de gado. A maior parte da terra queimada provavelmente também será transformada em pasto, e a abertura de espaço para o gado é o principal catalisador do desmatamento, de acordo com o esboço de um estudo histórico compilado por 200 cientistas e publicado em julho.

Embora também tenham mostrado um ligeiro declínio em relação a um ano antes, em agosto os incêndios na Amazônia continuaram acima da média mensal histórica pelo terceiro ano consecutivo, segundo o Inpe. Antes de Bolsonaro, a última vez em que o Brasil teve tais níveis de incêndios na Amazônia foi em 2010 (Reuters, 10/9/21)