Digitalização da indústria: salto para novo paradigma
Legenda: O presidente da Siemens Brasil, André Clark
Novíssima indústria de óleo e gás já nasce digital.
Há algo novo no comércio internacional: assistimos a uma importante reformulação na Organização Mundial do Comércio, pela qual o novo paradigma das cadeias globais de valor não será regido por cotas e tarefas, mas por regras e padrões.
Essa mudança emana de um consumidor protagonista, que não se limita a escolher pelo preço, mas quer saber como e onde é feito o produto e reconhece outros atributos, como pegada de CO2 e o propósito social daquela cadeia de valor. Além disso, nações enfrentam desafios como empregos, mudanças climáticas e cibersegurança, entre outros.
O Brasil está se preparando para ampliar sua inserção no comércio internacional. Os governos se planejam para políticas comerciais mais abertas e conectadas —o acordo UE-Mercosul é uma delas.
Esses esforços vão ao encontro da competitividade e de um novo paradigma de indústria. Observamos que as empresas que mais crescem são as que se organizam para atender ao consumidor global ou que já fazem parte de uma cadeia de valor global. São as mesmas empresas que já adotaram a digitalização e a indústria 4.0, encurtando o tempo entre a vontade do cliente, o desenvolvimento e a cadeia de suprimentos.
Outro paradigma é a grande revolução vinda da inteligência artificial. Máquinas vão auxiliar o ser humano a tomar decisões melhores e mais seguras. O futuro será sobre a nossa capacidade de produzir, atrair e reter talentos. Esses, sim, serão o centro da vantagem comparativa, a base de como usar tecnologias que se tornam cada vez mais acessíveis, com criatividade e competência.
Ao falarmos em digitalização, somos estimulados a absorver conceitos como internet das coisas, big data e computação em nuvem. Grande parte do esforço, no caminho da indústria 4.0, é sensibilizar o empresário para a importância da digitalização. Alguns segmentos parecem mais próximos dessa realidade.
Os destaques no Brasil são os setores de alimentos e bebidas, papel e celulose e químicos. Mas vale ressaltar também o quanto é estimulante participar do momento de transformação do setor de petróleo e gás.
O Brasil está prestes a se tornar um dos cinco maiores produtores de petróleo do planeta. O aproveitamento do gás também é fundamental para a produção de energia elétrica, competitiva e de boa qualidade.
Ou seja, essa novíssima indústria de óleo e gás tem a extraordinária oportunidade de já nascer digital. Grande parte das tecnologias de exploração em águas profundas são criadas e desenvolvidas no Brasil. Isso é tecnologia a serviço da sociedade (André Clark é presidente da Siemens Brasil; Folha de S.Paulo, 13/9/19)