11/06/2018

Disputa entre EUA e México pode beneficiar carne suína brasileira

Disputa entre EUA e México pode beneficiar carne suína brasileira

Os exportadores brasileiros de carne suína pediram esta semana ao Ministério da Agricultura para acelerar as tratativas com as autoridades do México a respeito da abertura do mercado daquele país ao produto nacional, disse ao Valor o vice-presidente de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.

A intenção é aproveitar a oportunidade aberta pela disputa comercial travada entre Estados Unidos e México atualmente. Em retaliação à sobretaxa aplicada pelo governo Donald Trump contra o aço e o alumínio, o México anunciou quarta-feira uma sobretaxa de 20% sobre uma lista de produtos americanos, entre os quais a carne suína.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o México é o terceiro maior importador mundial de carne suína, atrás apenas de Japão e China. No ano passado, os mexicanos importaram 1 milhão de toneladas do produto. Os Estados Unidos são os principais fornecedores de carne suína aos mexicanos.

"Com a tarifa de 20% [aplicada aos americanos], passamos a ser competitivos", afirmou Santin. Segundo ele, o México também criou uma cota livre de tarifa de 350 mil toneladas para ocupar o espaço que era normalmente preenchido pelos EUA.

Segundo o vice-presidente da ABPA, o Brasil já tem a documentação necessária para pleitar a abertura do mercado do México. Diante disso, o Ministério da Agricultura já acionou a adida agrícola no México para agendar uma reunião com autoridades do país.

A abertura efetiva do mercado do México deve demandar uma missão sanitária de técnicos ao Brasil, o que costuma demorar. No entanto, as tratativas podem acontecer mais rapidamente diante da necessidade mexicana de ampliar o número de fornecedores, avaliou Santin. Ele não mencionou um prazo exato para a abertura.

Para o Brasil, o México significará uma alternativa à Rússia, que está fechada ao produto brasileiro desde o fim de 2017. Até então, os russos respondiam por 40% das exportações de carne suína do Brasil. Em maio, o Ministério da Agricultura avisou aos exportadores que Moscou poderia reabrir o mercado ainda naquele mês, mas a expectativa foi frustrada. O mercado russo continua fechado e muitos duvidam que haverá uma reabertura antes da Copa do Mundo, que começa semana que vem na Rússia.

No momento, os grandes beneficiários da sobretaxa mexicana à carne suína dos EUA são os produtores europeus. Na terça-feira, o ministro da Economia do México, Ildefonso Guarjado, afirmou que o país "seguramente" buscará a Europa para importar carne suína.

No ano passado, a União Europeia liderou as exportações globais de carne suína, com 2,8 milhões de toneladas, segundo o USDA. Os EUA ficaram na segunda posição, com 2,5 milhões de toneladas. O Canadá ocupou a terceira posição e o Brasil a quarta, com embarques de 786 mil toneladas. As exportações globais do produto somaram 8,3 milhões de toneladas (Assessoria de Comunicação, 8/6/18)